São Paulo, segunda-feira, 17 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Teatro iniciou 'era de ouro'

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A versão vigente da história do teatro dá o TBC, criado em 1948 para uma vida "histórica" de 15 anos, como companhia mais significativa na modernização do palco no país.
A montagem carioca de 43 para "Vestido de Noiva", de Nelson Rodrigues, seria o início do "teatro brasileiro moderno", mas era ainda amadora, com Os Comediantes.
O TBC, reunião de dois elencos amadores de São Paulo pelo empresário de origem italiana Franco Zampari, diretor das indústrias Matarazzo, afirmou o "novo profissionalismo", no dizer do crítico e historiador Décio de Almeida Prado.
O profissionalismo "velho" seria o dos grandes comediantes, das companhias surgidas em torno de Procópio Ferreira, Jaime Costa e outros protagonistas-empresários, que decaíram com a chegada do TBC.
Pelo TBC passaram (ou surgiram nele) os maiores atores dos anos 50, Cacilda Becker, símbolo de todo o período, Maria Della Costa, Tônia Carrero e Fernanda Montenegro, ou Sérgio Cardoso, Walmor Chagas e Paulo Autran.
Os diretores eram estrangeiros -os italianos Adolfo Celi, Luciano Salce, Flamínio Bollini, o polonês Ziembinski, o belga Maurice Vaneau.
As peças, quase invariavelmente clássicos ou textos estrangeiros de respeito -com pouca dramaturgia nacional, e quase sempre o questionado Abílio Pereira de Almeida.
Outras versões para a história do TBC questionam desde a primazia modernista, que leva o "modernismo" aos anos 50, meio século depois da Europa, e o novo profissionalismo.
Miroel Silveira, crítico atuante no período e historiador, por exemplo, escreveu da subvenção governamental ao TBC.
O mesmo crítico aponta uma vertente popular a qual o TBC, voltado à elite paulistana, teria buscado suprimir no ataque à geração Procópio Ferreira.
Vem daí uma divisão quanto ao legado do TBC, de um lado visto como iniciador de uma "era de ouro" que seguiu com Arena e Oficina, de outro como intervalo, sendo Arena e Oficina o resgate e prolongamento da produção popular, desde as revistas.

Texto Anterior: "Reabriremos em fevereiro ou março"
Próximo Texto: Zé Celso pretende remonstar "O Rei da Vela"
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.