São Paulo, segunda-feira, 17 de fevereiro de 1997
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Coréia do Sul acusa Norte de atentado

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Ministros da Coréia do Sul acusaram ontem formalmente a Coréia do Norte de ter mandado matar um desertor comunista.
Li Han-yong sobrinho da ex-mulher de Kim Jong-el, presidente do país vizinho comunista, foi baleado na noite de anteontem em Bundang (sul de Seul, capital do país capitalista). A polícia anunciou sua morte cerebral.
O ministro dos Assuntos Interiores, Suh Chung-hwa, disse que o atentado foi uma "tentativa de assassinato praticada por agentes norte-coreanos infiltrados".
A bala atingiu Lee Han-yong na cabeça e não pode ser removida pelos médicos. Segundo a polícia, Li repetia a palavra "espiões" enquanto agonizava.
Crise
O ataque da noite de anteontem é tido como uma tentativa do Norte de intimidar os sul-coreanos em meio à crise diplomática vivida pelos dois países após a fuga de um alto funcionário do governo da Coréia do Norte. Hwang Jang-yop, 73, está refugiado na embaixada sul-coreana em Pequim desde quarta-feira passada.
A deserção, qualificada como "rapto" pelo governo norte-coreano, pôs a China em uma posição delicada.
Historicamente, a comunista Coréia do Norte é aliada do governo chinês, mas a Coréia do Sul tem feito investimentos maciços naquele país após sua abertura ao capital estrangeiro.
A imprensa norte-coreana silenciou a respeito da fuga de Hwang, apenas fazendo vaga menção a "separatistas" que buscam "confronto, guerra e divisão".
Fome
O episódio da deserção coincide com uma crise de produção de alimentos ocasionada por dois anos consecutivos de enchentes.
Segundo Nozomu Akizuki, professor de diplomacia da universidade Tokai, no Japão, a fome é a causa mais provável para o cancelamento da maioria das comemorações do aniversário do líder Kim, programadas para ontem.
A festa restringiu-se à apresentação de ginastas infantis e o televisionamento foi cancelado na última hora, sem explicação.
"É perigoso convidar dezenas de milhares de cidadãos famintos para a capital da Coréia do Norte. Devemos lembrar que as pessoas ali passam fome e podem até desafiar o poder de Kim", disse.
Já segundo o jornal oficial "Rodong Sinmun", o "povo coreano confia no general Kim Jong-il plena, absoluta e eternamente como se ele fosse um deus. Ele é tido como um deus porque defende o destino da nação e do povo".

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