São Paulo, segunda-feira, 17 de fevereiro de 1997
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EUA devem julgar morte de brasileira

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O governo da Geórgia suspendeu a imunidade diplomática de seu ministro-conselheiro em Washington para ele poder ser julgado pela morte de uma adolescente brasileira em acidente de automóvel no dia 3 de janeiro deste ano.
A mãe de Joviane Waltrick, a vítima, Viviane Wagner, também brasileira, chamou a decisão de "uma pequena vitória".
"Este não é um momento feliz para mim. É parte de uma luta real. Imunidade não é impunidade", disse Viviane Wagner.
O diplomata acusado, George Makharadze, segundo na hierarquia da embaixada da Geórgia em Washington, disse por meio de um advogado que vai colaborar com as autoridades norte-americanas.
A Geórgia, país do leste da Europa, é uma das ex-repúblicas da União Soviética.
Makharadze pode ser indicado amanhã por homicídio culposo. Se condenado, a pena máxima é de 70 anos de prisão.
Em todo o mundo, diplomatas gozam de imunidade criminal nos países em que servem. Os acordos internacionais que definem essa imunidade têm como objetivo evitar perseguições políticas.
Em 3 de janeiro, Makharadze, 35, dirigia a 120 km por hora na avenida Connecticut, próximo do Dupont Circle, centro de Washington, onde a velocidade máxima permitida é 40 km por hora, quando seu carro bateu em três outros, entre eles um em que Joviane estava com o namorado.
Segundo a polícia, ele parecia estar alcoolizado. Ele invocou sua imunidade diplomática para não se submeter a testes pela polícia.
Repercussão
O porta-voz do Departamento de Estado, Nicholas Burns, disse que o governo dos EUA "apreciou muito" a decisão da Geórgia.
"Este é um caso muito incomum. Há poucos exemplos na história da diplomacia em que um governo levantou a imunidade de representantes seus em casos como este, tão sério", disse Burns.
O mais recente episódio similar nos EUA ocorreu em 1989, quando um militar belga teve sua imunidade diplomática suspensa ao ser acusado de duplo homicídio na Flórida, Costa Leste do país. Agora com 33 anos, Rudy Van Den Borre cumpre pena de prisão perpétua.
O governo dos EUA, embora defenda o instituto da imunidade diplomática e não costume levantar a de seus representantes, pressionou o da Geórgia para que suspendesse a de Makharadze. A economia da Geórgia depende, em grande parte, da ajuda dos EUA.
A família de Joviane Waltrick, que tinha 16 anos, emigrou para os EUA há nove meses, vinda do Rio Grande do Sul. O padrasto dela é mecânico de automóveis. Viviane Wagner tem dois filhos menores.

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