São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 1997
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Marcha atrai ex-sem-terra e simpatizantes

FRANCISCO CÂMPERA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O perfil dos trabalhadores rurais que acompanham a caminhada é bastante diversificado.
Há aqueles que já conseguiram terras e estão na caminhada para apoiar os sem-terra. Os acampados, que ainda não adquiriram a terra, são maioria. Alguns não possuem renda, enquanto outros já construíram até estufas.
Vicente Lima, 59, afirma que não quer terra para si, mas mora em acampamento de sem-terra em Presidente Prudente, no Pontal do Paranapanena, há um ano.
Diz que deseja "apenas ajudar o movimento a produzir". Ele recebe R$ 500 por mês de aposentadoria. Trabalhou durante 35 anos como servente na Petrobrás.
Lima diz que seus dois filhos estão fazendo doutorado na USP, em Geografia e Física.
"Antes de me aposentar, ganhava o suficiente para pagar escola para meus filhos", diz.
Sua mulher é costureira e sempre contribuiu para complementar as despesas em casa.
Já o gaúcho Gilberto Barden, 36, diz acompanhar a caminhada "por solidariedade."
Ele já conseguiu uma área 11 alqueires em Cruz Alta (RS), onde planta milho e feijão e chega a conseguir R$ 400 por mês.
Suas despesas durante a caminhada serão custeadas pelos 40 trabalhadores rurais do assentamento de Cruz Alta.
Altamiro Rocha, 30, por sua vez, está há um ano acampado em Rio Bonito (PR). Como ainda não tem sua própria terra, planta o suficiente para sobreviver no acampamento onde vive.
Atílio dos Santos, 26, e sua mulher, Ivanir, 20, acompanham a caminhada com a filha de dois anos. Eles vieram de Júlio Castilho (RS), onde já adquiriram 19 hectares. Foram escolhidos pelos assentados de sua região para "apoiar a luta" dos sem-terra. "O sacrifício vale a pena", diz Ivanir.
Sandra Bezerra, 23, mora com o marido, três filhos, seis irmãos e os pais em sete alqueires em Promissão (SP). Sua família recebeu o lote de terra há oito anos. Eles acabaram de construir dez estufas de alface e beterraba. O ganho médio mensal da família é de R$ 500.
Sandra foi escolhida pelas 17 famílias do assentamento para ir a Brasília participar da manifestação.

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