São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 1997
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Unicamp divulga laudo de transexual

Exame ajuda mulher a alterar seu nome

DA FOLHA CAMPINAS

O Departamento de Medicina Legal da Unicamp divulgou ontem laudo médico sobre a transexualidade de Maria Tereza Araújo, a primeira brasileira a conseguir autorização na Justiça para alterar seu nome para Luís Henrique Araújo.
Esse foi o primeiro caso com pessoa do sexo feminino analisado pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
O laudo é uma exigência da Justiça para que a mudança oficial de nome seja concedida.
Segundo o psiquiatra Décio Silveira Bento de Moura, integrante da equipe, transexual é "uma pessoa que não consegue conviver com seu sexo".
No caso de Araújo, sua transexualidade é primária, ou seja, dificilmente será revertida.
Araújo tem todos os órgãos femininos e um clitóris de 3 centímetros. Normalmente, o clitóris tem cerca de 0,5 centímetro.
Ele tomou hormônio à base de testosterona nos últimos anos e desenvolveu características masculinas, como barba.
Segundo os médicos, a transexualidade não é doença e ainda é uma incógnita para a ciência.
"Mas pode causar uma síndrome, levando ao sofrimento, mutilação e até suicídio", disse o psiquiatra Pedro Lana Possas.
A Unicamp já examinou três casos. Mas este foi o primeiro envolvendo mulher.
Desde cedo, Luís Henrique Araújo (Maria Tereza), 35, demonstrava interesse por atividades masculinas. Devido às pressões sociais, segundo os médicos, chegou a casar e ter quatro filhos. Descontente, resolveu assumir o transexualismo.
Após a separação, foi morar com uma mulher em Sorocaba.

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