São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 1997
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Direitos da infância; Mão-de-obra injustiçada; Intolerância; Qualidade do ensino; PAS; Múltiplas aplicações; Maior bem

Direitos da infância
"Em pesquisa realizada pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi), com o apoio do Instituto Ayrton Senna e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), intitulada 'Infância na Mídia -período outubro/dezembro de 1996', a Folha destacou-se, claramente, como um dos jornais que dedicam maior cobertura às questões ligadas à infância e adolescência.
São notáveis seus esforços nos campos da saúde/nutrição e direitos/Justiça.
Gostaríamos de felicitar a Folha pela atuação na mídia escrita do país e, ao mesmo tempo, expressar a expectativa do Unicef de que essa cobertura continue sendo feita com a mesma qualidade, destacando os direitos que todas as crianças e adolescentes brasileiros têm."
Agop Kayayan, representante do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) no Brasil (Brasília, DF)

Mão-de-obra injustiçada
"A Ilustrada publicou em sua capa de 30/1 a reportagem 'Custo Brasil'. Havia a seguinte afirmação: 'Produzir cultura no país tem um preço elevado, dizem os empresários do ramo, mais por culpa do mercado do que do governo; matéria-prima e serviços são considerados os vilões do setor'.
Ao falar em 'empresários' a reportagem referia-se apenas à produtora Lucy Barreto, única fonte ouvida.
Quanto aos supostos vilões, 'a matéria-prima e os serviços', estes não tiveram nenhum de seus representantes inquiridos.
No corpo da reportagem dona Lucy insinua descaradamente que os técnicos cinematográficos brasileiros são os mais caros do mundo.
Queremos esclarecer que nenhum técnico cinematográfico no Brasil ficou rico desempenhando a sua função. Ao contrário. É uma categoria profissional que se dedica ao cinema muito mais por paixão e idealismo do que por motivos financeiros.
A mão-de-obra brasileira não é vilã e cobra o que é justo dentro de seu contexto de mercado e das leis do país -leis que nem todos os produtores cumprem.
Quem produz filmes com dinheiro de renúncia fiscal captado por meio de leis de incentivo tem a obrigação moral de respeitar os parâmetros da mão-de-obra nacional e as leis trabalhistas vigentes no país."
Tony de Souza, presidente do Sindcine (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo), e Pedro Pablo Lazzarini, técnico cinematográfico e diretor de fotografia (São Paulo, SP)

Intolerância
"Ao lado de muitos artistas e de muitas pessoas próximas de meu corpo, ativo, 'gozozo', coloco-me junto da Cia. Uzyna Uzona e junto de Zé Celso Martinez Correa, e entendo que a 'condenação' por não sei que 'vilipêndio' se estende a mim, e se estende a qualquer homem que respira a vida.
O Teat(r)o Oficina, centro de resistência da arte da cidade de São Paulo e do Brasil, não aceitou parar o processo aceitando 'prestar serviços à comunidade'. Isso eles já fazem. E bem.
Deixou que o processo seguisse. Quem sabe isso não seja um fato que tenha em si o poder de desmascarar a atual intolerância de uma parcela castrada da sociedade que tem imensa necessidade de julgar não só o Zé Celso, mas o mundo, a arte e até Tiririca.
Se a Cia Uzyna Uzona for 'condenada' por fazer teatro, será uma derrota. Mas será uma derrota maior ainda se não tomarmos uma atitude, ou a atitude de ir até junto deles coladinhos, apertadinhos, safadinhos e solidários para que prestemos 'serviços comunitários', como lavar banheiros públicos e limpar pichações das igrejas.
'Mistérios Gozosos' foi um dos espetáculos mais bonitos que assisti na minha vida. Era um verdadeiro serviço social prestado pelo amor de verdade.
Acho que deveriam processar também Oswald de Andrade, da mesma forma que a burrice do regime militar expediu uma ordem de prisão para um tal de Bertolt Brecht.
Fui coroinha aos dez anos, quis ser padre. Por isso afirmo que estão vilipendiando a imagem do teatro brasileiro por meio desse processo."
Marcelo Marcus Fonseca, diretor e ator (São Paulo, SP)

Qualidade do ensino
"Venho parabenizar a Folha pelo editorial 'Mais alunos' (3/2).
Nesse sentido da qualidade do ensino, a temática curricular é, sem dúvida, um dos pontos onde cabe uma responsabilidade social partilhada entre governo, professores/educadores, pesquisadores e sociedade em geral.
Qualidade na escola é avanço democrático e se faz com esforço, atenção cidadã, por parte de todos, como a que está presente nesse editorial. Obrigada!"
Roseli Fischmann, professora associada da Faculdade de Educação da USP -Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

PAS
"A reportagem da Folha de 7/2 sobre o PAS foi excelente e didática. Dois reparos: 1) os argumentos de inconstitucionalidade e a forma de dispensar a licitação do PAS já foram julgados pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (16/3/96) e, por 21 votos a 2, foram considerados legais.
O julgamento de mérito no STJ poderá demorar anos, para o desespero dos vereadores e partidos da oposição.
2) há três tipos de recursos em relação à saúde: os de custeio, na base de R$ 10,96 per capita, transferidos para o Módulo e Cooperativas do PAS; recursos de custeio para ações de saúde pública, não transferidos para o PAS; e recursos de investimento assumido pelo patrimônio da prefeitura.
Em 1996, na instalação do PAS, foi empregada a verba de 220 milhões de Fundes, acumulada desde o início da gestão Maluf e que só poderia ser gasta para reformar e ampliar tecnologicamente os hospitais.
No editorial da Folha de 6/2 faltou explicar que o PAS ampliou em mais de 100% o atendimento secundário e terciário realizados pela prefeitura em 1995, mas não realiza mais que 20% a 30% do necessário.
Nem na gestão de Erundina nem na de Maluf houve a municipalização do SUS na capital, por isso, por lei é o Estado que recebe os recursos e administra os setores secundários e terciários, repassando verba para o Hospital das Clínicas, Santa Casa etc.
É bom que se diga que a Prefeitura de São Paulo (e não o PAS) não recebeu absolutamente nada do SUS pelo atendimento em 1996, nem os 50 milhões que recebeu em 1995 (menos de 6% do orçamento da Saúde do município).
Felizmente, o atual secretário da Saúde, Masato Yokota, já iniciou tratativas civilizadas de contato com o secretário José Guedes, para normalizar essa disputa irracional dentro das normas do SUS e favorecer a população."
José Knoplich, médico, ex-secretário executivo do PAS (1996) (São Paulo, SP)

Múltiplas aplicações
"Sobre a música veiculada pela Telesp sobre destruição de orelhões, nota-se que pode ser aplicada a alguns senhores do nosso governo.
Por falar nesses senhores: se não estão contentes com o que recebem, que procurem outro 'emprego'."
Julio Puig (São Paulo, SP)

Maior bem
"É nazista o SOS Fazendeiros da TFP. Grupo obcecado pelo ídolo do latifúndio, esquece que o Deus da vida quer a vida para todos.
E para a doutrina social da igreja, desde santo Tomás de Aquino, a vida humana está acima de qualquer bem."
Valdiran Santos (São Paulo, SP)

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