São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997
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Preço do milho despenca antes da entrada da safra

ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O preço pago pela saca de 60 kg de milho ao produtor brasileiro registra queda acumulada de 25% desde novembro do ano passado.
Excesso de oferta do produto no mercado e previsão para este ano de uma safra superior à de 96 colaboram para a redução dos preços.
As informações constam de um trabalho do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo, em Piracicaba (SP).
O Brasil deve colher este ano 34,4 milhões de t de milho.
Em 96, o país produziu 32,4 milhões de t, de acordo com os dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
"Muitos produtores começaram juntos a vender milho no final do ano passado. Isso provocou um excesso de oferta", explica o engenheiro agrônomo Luiz Cláudio Caffagni, pesquisador do Cepea.
Segundo Caffagni, os compradores perceberam que havia produto em abundância disponível no mercado e suspenderam novas aquisições.
Oscilação
O preço ao produtor varia, dependendo da região do país, assim como o custo de produção, que vai de R$ 5,50 a R$ 7,20 por saca.
No Paraná, maior Estado produtor, que deve colher 6,5 milhões de t nesta primeira safra de verão, o preço pago pela saca não ultrapassa R$ 5,50 em algumas regiões.
O preço médio é de R$ 5,72 por saca, segundo o Deral (Departamento de Economia Rural do Paraná).
Em maio de 96, o agricultor recebia R$ 8,25 pela saca.
No interior do Estado de São Paulo, o produtor está conseguindo preços que variam entre R$ 7,72, em Campinas, e R$ 7,27, em Orlândia, informa o Cepea.
Interferência
O governo vai lançar no final deste mês o contrato de opção, um sistema de compra futura, que pretende conter a queda dos preços do milho.
Célio Porto, assessor da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, garante que o efeito sobre o preço do milho brasileiro será imediato.
Pelo novo contrato, o produtor terá a opção de vender o milho para o governo na entressafra, com um preço mínimo assegurado.
Caso o agricultor encontre um preço melhor no mercado, ele pode desistir do contrato.
O valor a ser pago pelo governo será definido em leilões e o acesso ao contrato vai ser feito pela Bolsa.
O governo pretende comprar 2,5 milhões de t de milho pelo novo sistema.
Além disso, afirma Célio Porto, o governo planeja ainda adquirir mais 3 milhões de t de milho por meio de outros mecanismos, como o pagamento da dívida de custeio de pequenos produtores e compra seletiva, que também irá atender aos produtores de pequeno porte.
Porto diz ainda que o governo lançará uma linha de financiamento para que as indústrias antecipem seus estoques de milho.
Para evitar que o Nordeste importe milho, o governo pretende oferecer um bônus aos compradores daquela região, para incentivar a aquisição do produto nacional.

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