São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997
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Cimento sobe até 14% em dois meses

CLÁUDIA PIRES
DA REPORTAGEM LOCAL

O preço do cimento no Estado de São Paulo teve aumento acumulado médio de 14% no período de 1º de dezembro do ano passado a 31 de janeiro deste ano, em relação ao último dia útil de novembro.
Esse aumento foi apontado em dois levantamentos realizados pelo Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) e pela Apeop (Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas).
Levantamento divulgado ontem pela Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção) também destaca o cimento como o produto que teve maior aumento no mês de janeiro em relação ao mês anterior.
A associação pesquisa a variação dos preços de 40 materiais de construção. De acordo com esses órgãos, a alta não foi explicada pela indústria nacional. "Não houve aumento de demanda nesses meses", afirma Carlos Eduardo Lima Jorge, diretor-executivo da Apeop.
"É verdade que, no caso das obras públicas, o primeiro mês do ano foi mais aquecido que o do ano passado. Mas foi um crescimento pouco significativo e que não teve nenhuma ligação com aumento de preços."
A Folha procurou o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento para explicar os aumentos do produto no período. O sindicato, no entanto, afirma não poder responder pelo aumento de preços do setor, que seria de responsabilidade apenas das indústrias.
A reportagem da Folha também procurou a diretoria da divisão de cimento do grupo Votorantim, responsável por mais de 40% da produção nacional de cimento do país, mas a empresa não quis se pronunciar sobre o assunto.
Outros
Segundo a pesquisa da Apeop, outros materiais de construção tiveram aumento de preços bem abaixo dos registrados pelo cimento no mesmo período.
Entre os materiais destacados pela pesquisa estão a areia, que variou 1,95%, a pedra britada, com aumento de 0,85%, e a cal, com alta de 2,51%.
Já o preço do cimento, ainda segundo a Apeop, teve variação de 13,44% no mesmo período.
O presidente do Sinduscon, Sérgio Porto, afirma que o sindicato está estudando a possibilidade de recorrer ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), devido ao aumento dos preços, que considera abusivo.
"Não há justificativa para esse aumento. Ele está acima da inflação total registrada no país no ano passado", afirma Sérgio Porto.
O órgão também afirma ter recebido um dossiê com levantamentos de mais 13 Estados brasileiros e do Distrito Federal apontando os mesmos aumentos.
"Não são apenas casos isolados", afirma o presidente do sindicato.
A pesquisa do Sinduscon apontou aumento de 14,7% do produto entre 1º de dezembro de 96 e 31 de janeiro deste ano.
Essa pesquisa é mensal e analisa o preço de 70 materiais de construção no Estado.
Ainda segundo o sindicato, a tonelada de cimento no Brasil tem um dos preços médios mais caros de todo o mercado.
A tonelada de cimento no país custa US$ 104, enquanto os preços médios internacionais estão em US$ 75.

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