São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997
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Palestinos abrem Bolsa de Valores

Ieltsin recebe Arafat

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os palestinos avançaram ontem na criação de um sistema financeiro independente do de Israel ao abrir uma Bolsa de Valores.
A Bolsa de Valores Palestina, aberta em Nablus (ao norte de Jerusalém, na Cisjordânia) às 10h (5h em Brasília), deve funcionar um dia por semana durante a fase de implantação e enquanto o volume de negócios não exigir uma atividade mais intensa.
Funcionários informaram que 23 companhias já estavam cadastradas na Bolsa, e outras 20 estavam se cadastrando.
"Este é um momento excitante", disse Safuan Batain, presidente da Bolsa. As primeiras duas transações, mostradas em uma tela, causaram comoção entre os funcionários do órgão.
Batain informou que as negociações poderiam ser feitas em dinares jordanianos ou em dólares, dependendo da moeda com a qual a companhia estivesse capitalizada.
Um índice de mercado, a se chamar Jerusalem Index, será introduzido em seguida, disse Batain.
Estima-se que haja cerca de 60 companhias de capital aberto na Cisjordânia e na faixa de Gaza, num total de US$ 700 milhões.
Segundo Batain, a Bolsa também atrairá o capital de palestinos que vivem fora do país.
Firmas de corretagem disseram que investidores de Israel e da Jordânia começaram a fazer perguntas sobre as regras de funcionamento da Bolsa.
"Esta Bolsa é muito importante porque seu lançamento coincide com recuperação de nossa economia", disse o ministro palestino das Finanças, Mohammed Zuhki al Nachachibi.
Visita
Em um clima de muita troca de cortesias e poucas decisões importantes, o presidente russo, Boris Ieltsin, recebeu ontem em Moscou o líder palestino, Iasser Arafat.
"Olá, meu bom amigo", saudou Ieltsin. "Fico muito feliz em vê-lo em boa saúde. É uma grande alegria para todo o mundo", respondeu o palestino. Beijaram-se três vezes no rosto e na testa.
O documento emitido após a visita ressaltou que a Rússia, "como co-patrocinadora do processo de paz no Oriente Médio, vai continuar mantendo esforços enérgicos com o objetivo de cooperar na resolução de problemas".
Ieltsin esteve boa parte do ano passado e deste afastado do cenário político mundial devido a seus problemas de saúde (primeiro cardíacos, depois, uma pneumonia).
Agora, ao que parece, ele quer recuperar o papel russo em questões como a do Oriente Médio, dominada pelos Estados Unidos.
O porta-voz do Kremlin disse que Ieltsin aceitou o convite de Arafat para visitar Belém (Cisjordânia) em 2000 e participar da festa do segundo milênio de Jesus.
"O presidente russo me emocionou", afirmou Arafat. Foi a primeira vez que Ieltsin recebeu um líder estrangeiro no Kremlin desde 27 de dezembro, quando o primeiro-ministro chinês, Li Peng, esteve na sede do governo russo.
Os últimos encontros de Ieltsin têm acontecido na casa dele, durante sua convalescença.
Candidatura
Os palestinos querem também reforçar sua independência parcial filiando-se à Comunidade Britânica. Para isso, Afif Safieh, representante da Organização para a Libertação da Palestina em Londres, se reuniu no fim-de-semana com o nigeriano Emeka Anyaoku, secretário-geral da Comunidade, para discutir o caso.
A resposta de Anyaoku foi diplomática e inconclusiva, segundo o jornal "The Guardian": nada contra, mas os palestinos devem criar um Estado soberano antes.
A questão deve ser debatida na cúpula da Comunidade, em outubro, no Reino Unido.
Os palestinos argumentam que podem participar da Comunidade pois por 30 anos a região ficou sob domínio britânico neste século.

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