São Paulo, quinta-feira, 20 de fevereiro de 1997
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Publicitário contesta reportagem da Folha

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O publicitário Antônio Zucco Júnior contesta reportagem publicada pela Folha, no dia 19 de janeiro, sobre seu envolvimento em esquema de criação de rádios piratas, sob a fachada de emissoras comunitárias.
Zucco é presidente da Radiocon. A entidade congrega rádios comunitárias. Após a publicação da reportagem, foi rebatizada. Passou a chamar-se "Única" (União Nacional de Integração e Comunicação Comunitária).
A reportagem da Folha havia conversado com Zucco no dia 7 de janeiro. O objetivo era checar informações de que a entidade por ele presidida estaria orientando pessoas na abertura de rádios piratas.
O repórter se fez passar por um assessor de deputado interessado em abrir uma rádio, para utilizá-la na campanha eleitoral de 98. O diálogo, telefônico, foi gravado.
Na gravação, Zucco afirma que teria "o maior prazer" em ajudar o suposto assessor. Ele fornece o roteiro para colocar a rádio em funcionamento.
No último dia 28, Zucco procurou o ombudsman da Folha. Disse que suas declarações foram "distorcidas". No último sábado, ele foi ouvido novamente pela reportagem.
A principal alegação de Zucco é que, no exato momento em que soube das intenções do suposto assessor de deputado, avisou-o do risco de ser "preso e algemado" se utilizasse a rádio na campanha eleitoral.
"Ele (o repórter) não havia dito que ia usar a rádio com fins eleitoreiros", defende-se o publicitário. "Na primeira vez que ele disse isso, eu falei que não podia", afirmou.
A afirmação de Zucco sobre os riscos de o suposto assessor ser "preso e algemado" foi feita, na verdade, ao final de 26 minutos de conversa telefônica.
Os objetivos do suposto assessor haviam ficado claros logo no início da conversa: "Eu sou assessor de um deputado estadual que está querendo entrar nesse ramo (das rádios) e sair candidato a deputado federal no ano que vem. (...) A gente está pensando que uma rádio poderia ser uma ajuda, principalmente porque o nosso concorrente já tem uma FM", afirmou o repórter, logo depois de se apresentar com o nome fictício de Luís de Castro.
A seguir, Zucco enumerou os passos necessários para abrir a rádio -entre eles, associar-se à Radiocom e criar uma associação comunitária. Mencionou também o risco de a rádio ser fechada, já que seria ilegal. Mas prontificou-se a dar assessoria para obter na Justiça liminar autorizando a reabertura.
O publicitário sentiu-se injustiçado com outra reportagem publicada pela Folha, no dia 20 de janeiro, sob o título "Grupo é o mesmo das rádios piratas". A notícia falava de novo esquema, envolvendo retransmissoras de TVs educativas. O texto afirma que a Polícia Federal investiga indícios de uma conexão entre o esquema das TVs e o das rádios piratas.
Zucco disse não ter "nada a ver com TVs educativas." E afirmou que a Folha o "prejulgou" com base em investigações preliminares da PF.
Ele também defendeu o deputado Sérgio Naya (PPB-MG), ressaltando que nunca o apontou como "dono de rádio pirata". Tampouco o texto publicado pela Folha fez tal acusação. Limitou-se a reproduzir declarações de Zucco.
Na fita gravada, o repórter, sob a identidade de assessor de deputado, pede nomes de políticos que pudessem dar informações sobre a abertura de rádios. Ele pergunta: "Teria algum nome de Minas?" E Zucco: "Fala com o Sérgio Naya, deputado."
Zucco prossegue: "O Sérgio Naya tem muitas rádios comerciais". O repórter insiste: "Com rádio comercial a gente já conhece muita gente. Eu estava querendo saber quem entrou com rádio comunitária, para a gente ter uma base", disse o repórter. A resposta de Zucco: "Sérgio Naya conhece muita gente, tem muito prefeito amigo dele que entrou com rádio. Converse com ele".

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