São Paulo, quinta-feira, 20 de fevereiro de 1997
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Motta acusa procuradores no caso banda B

MÁRCIO DE MORAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Sérgio Motta (Comunicações) atacou ontem os procuradores do Ministério Público Federal responsáveis por um parecer favorável à paralisação do processo de privatização da telefonia celular na banda B.
"É um crime contra o Brasil, vamos ficar desmoralizados se o processo parar por causa de uma liminar", disse Motta. Ele mencionou que o governo vai obter R$ 6 bilhões com a venda das concessões.
Ele também disse que os procuradores Antônio Carlos Bigonha, Eugênio Aragão e Luís Francisco de Souza foram membros do PT, além de chamá-los de "impatrióticos". "Um deles foi candidato pelo PT", acusou Motta.
Sobre o PT e o PDT, o ministro disse que "trabalham para a burguesia" e que "seu futuro é apoiar o Maluf numa candidatura à Presidência". PT e PDT são também autores de duas ações diretas de inconstitucionalidade contra a licitação da banda B.
Procuradoria
O Ministério Público Federal negou as acusações do ministro Sérgio Motta.
"Os procuradores não pertenceram a qualquer partido, nenhum deles foi candidato a cargo legislativo e o Ministério Público cumpre apenas o dever patriótico de defender as leis e a Constituição", disse a Procuradoria, por meio da assessoria de imprensa.
Os procuradores se negaram a falar pessoalmente, por entenderem que estão em "fase probatória" (à espera de uma definição judicial sobre a liminar).
Assuntos privados
Para Sérgio Motta, os procuradores se envolveram "em assuntos de empresas privadas", ao mencionar, em seu parecer, o índice de liquidez exigido pelo edital da concorrência à telefonia celular.
"Fiquei surpreso ao ver que eles dedicaram parte do parecer a falar sobre o índice de liquidez. Queria saber quem é o sacana que está por trás disso", disse Motta.
Esse índice é de 1,20. Quer dizer que o patrimônio da empresa tem de ser 120% maior que o seu endividamento.
A Folha apurou que somente a holding Telebrás conseguiria hoje se enquadrar nesse índice. As subsidiárias da Telebrás, como a Telesp e a Telerj, não possuem esse índice de liquidez e estariam hoje alijadas da licitação, se pudessem participar da banda B (a banda A já é operada pelas estatais).
Ação popular
O parecer foi feito a pedido da 8ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, onde tramita processo de ação popular impetrado por três diretores do Sinttel (Sindicato dos Empregados em Telecomunicações) no Distrito Federal.
O juiz substituto João Carlos Mayer examina o processo desde segunda-feira e disse que definirá amanhã se aceita ou não o pedido de liminar.
Motta disse que o governo recorrerá contra uma eventual liminar suspendendo a concorrência da banda B.

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