São Paulo, sexta-feira, 21 de fevereiro de 1997
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Governo decide cortar os não-estáveis

VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo poderá adotar pelos menos três medidas para compensar o aumento de despesas que terá com gastos de pessoal após o STF (Supremo Tribunal Federal) ter concedido reajuste salarial de 28,86% para 11 servidores.
A partir dessa decisão, todos os servidores públicos (1,1 milhão de ativos e inativos) poderão obter na Justiça o mesmo reajuste.
Quando isso acontecer, as despesas do Tesouro Nacional com pessoal poderiam subir dos R$ 45 bilhões previstos para este ano para R$ 50 bilhões ao ano.
Demissão
Uma das medidas é a demissão de parte dos servidores federais não estáveis -cerca de 55 mil antes do Programa de Desligamento Voluntário. A medida já vinha sendo estudada desde junho.
Outra medida é acelerar o processo de privatização ou transferência para Estados e municípios de 22 empresas estatais. A medida também é discutida desde 1996.
Mesmo que sejam adotadas essas duas medidas, elas não devem gerar corte de R$ 5,1 bilhões ao ano -estimativa extra-oficial do aumento das despesas se todos os servidores tiverem os 28,86%.
O Ministério da Administração pode ainda desistir de conceder um reajuste diferenciado para algumas carreiras, como estava previsto para ocorrer até junho.
A Folha apurou que o reajuste está praticamente descartado em função da decisão do STF. Reajuste linear também está descartado.
Déficit público
A principal preocupação da área econômica é o impacto que a decisão do STF pode ter para as contas públicas. Em 95 e 96, elas tiveram déficit operacional -critério que inclui gastos com juros.
Uma despesa anual de R$ 5,1 bilhões é mais do que os R$ 4,7 bilhões que o governo prevê arrecadar este ano com a cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
A previsão inicial do governo era que o reajuste de 28,86% para todos os servidores poderia custar R$ 7 bilhões ao ano e mais R$ 20 bilhões com o pagamento dos atrasados desde janeiro de 1993.
A versão oficial ontem era que esse cálculo estava errado porque teria aplicado o reajuste sobre as vantagens pessoais dos funcionários quando deveria ter levado em conta apenas o vencimento básico.
Em 1997, o impacto será pequeno. Também não haverá impacto imediato com o pagamento dos atrasados -R$ 17 bilhões quando todos os servidores tiverem direito ao reajuste. Esse dinheiro só deverá começar a ser pago depois de 1999, conforme a Folha apurou.

LEIA EDITORIAL sobre o aumento para servidores públicos à pág. 1-2

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