São Paulo, sexta-feira, 21 de fevereiro de 1997 |
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Dante cria seu inferno
INÁCIO ARAUJO
Barata, sim. Joe Dante fez um filmeco, com recursos visivelmente parcos. Imitação, nem tanto. "Piranha" retoma sem pudor o argumento de "Tubarão" (ataque de monstros aquáticos contra homens e, sobretudo, crianças), mas é só. O filme introduz um viés político violento: se existe um desequilíbrio ecológico determinando a catástrofe, é em função de experiências militares, seus segredos e decorrências. E, mesmo se a população morre por conta do problema, os militares estão preocupados em sustentar a sua lógica (e, com ela, seu poder). Quem é a principal representante desse pensamento? Barbara Steele, a maior vampira do cinema. Com uma tacada, Dante introduz seu inferno: o mundo é dos mortos-vivos, de um militarismo para quem a única perspectiva existencial é a morte. É muito mais por desenvolver esse tipo de pensamento -tão dissidente, sobretudo nos EUA- e muito menos por eventuais semelhanças com "Tubarão" (que não são estilísticas) que "Piranha" foi visto com tanta má vontade. É isso também que faz dele um filme vivo. (IA) Texto Anterior: Buemba! Evita hay una sola e a Hebe meia-sola! Próximo Texto: Chineses vão produzir telenovela no Brasil Índice |
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