São Paulo, sexta-feira, 21 de fevereiro de 1997
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Mao teve cerimônia grandiosa

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Quando Mao Tse-tung morreu, seu corpo foi colocado em um esquife no Grande Palácio do Povo e cerca de 300 mil pessoas passaram diante do caixão. Seu sucessor, Hua Guofeng, leu um discurso em homenagem ao líder morto para 1 milhão de pessoas reunidas na região da praça Tiananmen.
Essas cerimônias grandiosas e a mobilização de multidões contrastam com os planos menos ambiciosos das homenagens a Deng Xiaoping. A calma e a indiferença registradas hoje em Pequim também diferem das cenas de histeria coletiva quando da morte de Mao, a 9 de setembro de 1976.
"Eu me lembro das pessoas chorando, lamentando-se como se tivessem perdido alguém de sua própria família", diz Andrea Martins, uma brasileira que morava na China em 1976. Naquela época, ela tinha dez anos e seus pais trabalhavam para as transmissões em português da Rádio Pequim.
Culto à personalidade
"Também tenho na memória a imagem das fotos de Mao cercadas por uma moldura preta e havia fotos deles espalhadas pelas ruas, escritórios e casas", afirma Martins, atualmente funcionária da embaixada brasileira em Pequim.
O culto à personalidade de Mao levou o Partido Comunista a ordenar que todos na China, às 15h do dia 18 de setembro de 1976, parassem de trabalhar e ficassem em silêncio durante três minutos.
Instituições governamentais, empresas, escolas e unidades militares deviam reunir seus integrantes para que escutassem pelo rádio ou vissem na TV as cerimônias em homenagem a Mao Tse-tung.
"Muitas pessoas usavam uma faixa preta no braço para indicar luto", diz o comerciante Li Ping, que tinha 21 anos quando Mao morreu. A morte do líder chinês também marcou o fim da Revolução Cultural, um período de dez anos modelado pela tentativa de implantação de um "comunismo radical e maoísta".
(JS)

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