São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 1997
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LESTE X OESTE

A Guerra Fria acabou, mas há sinais cada vez mais frequentes não só de que ainda há conflitos bastante sérios, mas de que em muitos casos o roteiro segue de perto as polaridades que se imaginava superadas.
O contraponto entre Oriente e Ocidente é talvez o mais marcante. É importante notar, aliás, que já não se trata da oposição entre capitalismo e comunismo, mas da velha disputa por espaços de poder mundial.
Um exemplo marcante dessa herança que se prolonga são as tensões entre Rússia e Estados Unidos em torno da Otan. Os norte-americanos vêm assumindo uma política externa agressiva, que culminou com o compromisso do presidente Clinton de expandir a Otan ao Leste Europeu.
A Rússia, embora continue combalida economicamente e relativamente instável do ponto de vista político, passou a oferecer resistência às pretensões dos EUA. Ontem, quando a secretária de Estado Madeleine Albright manteve conversações com líderes russos no Kremlin, os participantes do encontro falaram em otimismo, mas a tensão permaneceu. A própria secretária afirmou que as questões envolvidas são complexas e vão exigir muito trabalho.
O mundo não encontrou um equilíbrio de forças capaz de garantir um horizonte de tranquilidade. Provavelmente, a natureza afirmativa e até certo ponto arrogante dos EUA contribui pouco para aliviar as tensões.
O confronto entre Leste e Oeste continua sendo central nessa agenda que eventualmente conduzirá a uma nova "ordem mundial". Outro exemplo é a recusa dos EUA em aceitar a mediação da OMC quanto ao bloqueio econômico a Cuba. No papel de acusador, está nada menos que a União Européia. Novamente, o contraponto não é entre capitalismo e comunismo, mas entre potências a leste e a oeste que procuram afirmar-se no palco político global.

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