São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997
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Mulheres perdem o 'tchan' na hora H

RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Broxar não é uma reação exclusivamente masculina, como muita gente pensa. Mulheres também broxam na hora H. Como ocorre com os homens, o desânimo pode acontecer pelos mais diversos motivos: preocupação com dinheiro, medo de arrumar uma encrenca emocional ou decepção com alguma atitude do parceiro.
Isso aconteceu com a terapeuta corporal Tânia Mendes Janeiro, com a modelo Nana Gouveia e com a gerente Iza de Freitas.
Todas afirmam que já embarcaram em aventuras sexuais cujo resultado, se não chegou à velha frase "isso nunca me aconteceu antes", foi ao menos frustrante.
Segundo a psicoterapeuta Aparecida Favarêto, do Instituto H.Ellis, de São Paulo, "o broxar feminino tem diferenças físicas e psíquicas em relação ao masculino".
Segundo o dicionário, broxar é "a perda ocasional ou definitiva da potência sexual".
Favarêto diz que, na química do sexo, sempre há três estágios: 1) desejo; 2) excitação; 3) orgasmo. Para a psicoterapeuta, os homens podem broxar na segunda ou mesmo terceira etapa.
Já as mulheres, afirma, broxam basicamente na segunda fase. O que já condena de antemão a próxima -o orgasmo.
Segundo Favarêto, assim como ocorre com o homem, na fase de excitação o corpo da mulher também se prepara para o sexo bombeando mais sangue para as áreas genitais, produzindo líquidos e iniciando outras reações químicas-biológicas no corpo.
"Na verdade, tudo pode atrapalhar. Na fase de excitação, tudo é muito sensitivo. A lembrança de problemas financeiros, algum gesto ou odor do parceiro ou mesmo palavras que ele fale na hora errada podem comprometer tudo."
Psicólogos e psiquiatras ouvidos pela Folha afirmam que o problema ocorre com quase todas as mulheres e que não pode ser considerado como distúrbio psicológico.
Para Favarêto e especialistas, trata-se de um problema comum que, em casos mais graves, pode ser superado com simples terapia.
"No começo tudo é OK"
Tânia Janeiro, 34, diz que conheceu no ano passado um homem "muitíssimo interessante" num barzinho da Vila Madalena (zona oeste de São Paulo).
Foram apresentados por amigos em comum. Ela relata o que aconteceu naquela sexta-feira à noite:
"Na hora em que nos conhecemos, achei ele ótimo, lindo, perfeito. Estava tudo OK", diz Tânia.
"Ficamos juntos, conversando, até o dia clarear. Mas não fizemos sexo. Na primeira vez, nunca! Aliás, nem na segunda! Mas, sabe, no fundo eu sentia que tinha encontrado a pessoa certa."
Por duas semanas, lembra ela, só trocaram beijocas. No terceiro final de semana juntos, a terapeuta achou que "finalmente era chegado o momento".
"Nós fomos a um motel, mas ele foi afoito. Chegou tirando a roupa, arremessando o sapato na parede... Ele foi sem classe, sem romantismo nenhum", lembra.
Para a terapeuta, o caso foi tão inesquecível "que nunca mais rolou nada com o rapaz".
Nana Gouveia, 22, que mora no Rio, diz que broxou "de susto".
"Conheci um cara que hoje mora em Londres. O pênis dele era tão grande que eu, quando vi, senti que não ia dar conta.", conta Nana, que posou recentemente para a revista "Playboy".
A gerente Iza de Freitas diz que desanimou com um "homem lindo" mas que, minutos antes de ir para a cama, teve a "intuição de que aquela noite acabaria mal" (leia seu relato em texto ao lado).

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