São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997 |
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Farah reescreveu a piada do bode ao contrário
ALBERTO HELENA JR.
Pois o Farah conseguiu reescrever a anedota ao contrário: retirou todos da sala e deixou ali o bode, livre e fagueiro. Sim, porque esse negócio de clássico às 11h de domingo nasceu como alternativa para o jogo que seria transmitido ao vivo pela TV, sem incomodar o resto da rodada. Pois teremos hoje São Paulo e Corinthians às 11h, mas sem TV. Então, meu Deus, por que jogar nesse horário tão inconveniente nas atuais circunstâncias (calor etc...)? Ah, trata-se de uma experiência, remenda a federação. Que experiência? Só se for pra testar nossa paciência diante de tanto despautério. É óbvio que, nesta quadra do Campeonato Paulista, São Paulo e Corinthians são dois pólos de atração. Afinal, o tricolor aí está, líder, vindo de uma goleada sobre o Rio Branco e ainda celebrando aquele gol de Pelé executado por Denílson. E o Corinthians, que investiu milhões no seu time, já poderá contar com Donizete, o que representa um apelo poderosíssimo. Logo, só não haverá mais público -qualquer débil mental sabe disso- ou porque não temos estádio que comporte ou porque o horário é ingrato. Então, não há experiência nenhuma a ser feita. Como? Pois, não. O amigo ligou a TV e lá está a bola rolando entre corintianos e tricolores? Qual a surpresa? Surpresa seria não haver surpresas. O jogo está marcado para tal hora, tal dia, com ou sem TV, ingressos sendo vendidos aqui e ali, tudo isso anunciado com todas as letras, durante a semana inteira, em todos os veículos de comunicação. Simplesmente, o óbvio. Pelo jeito, vamos ter de carregar esse bode no colo, em meio a tão extensa manada de burros que se perde na linha do horizonte. * A propósito do horário das 11h de domingo, para que não reste dúvidas, num determinado momento -há uns 20 anos- fui seu maior defensor. Mas em que circunstâncias? Isso, quando a federação marcava jogos entre grandes e pequenos, às 17h, no longínquo e trevoso Morumbi, açoitado pelos ventos do inverno. Numa época em que os jovens trocavam a bola pelas guitarras e havia no ar séria ameaça de que as novas gerações debandariam de vez dos estádios. Assim, o mais sábio era se tentar esse horário alternativo, mais cálido e convidativo para que os pais levassem a garotada aos estádios, inoculando-lhe o bendito vírus do futebol desde cedo. Mas, em pleno verão de raios sem ozônio, isso não é uma alternativa. É falta de juízo. * Uma prova de fogo para esse tricolor modesto, mas até agora vencedor; e uma chance de ouro para esse milionário alvinegro firmar sua superioridade que, por enquanto, está só no papel. Texto Anterior: 'Pit stop' é obsessão no clássico matinal Próximo Texto: Em Americana Índice |
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