São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997
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Grupo restrito desenha a 'cara' de SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Israel Rewin, 53, arquiteto, montou seu escritório há 15 anos. Desde então assinou cerca de 500 projetos de edifícios.
Higienópolis é um bairro de classe média alta da região central paulistana. Tem presença marcante de moradores judeus. Nos últimos 15 anos, Rewin, que é judeu, assinou cerca de 60 projetos de edifícios construídos no bairro.
"Posso dizer que o bairro tem muito da minha cara." Rewin faz parte do seleto time de arquitetos mais requisitados de São Paulo. Aqueles que assinam grandes projetos, criam um nome e podem escolher com o que vão trabalhar. Geralmente, seus nomes estão associados a grandes construtoras.
Rewin credita parte de seu sucesso em Higienópolis à colônia. Ele também trabalhou com várias construtoras de origem judaica.
"Minha origem ajudou. Por ser da colônia, capto mais facilmente o que o pessoal quer em termos de moradia. Isso facilita a venda dos imóveis", analisa o arquiteto, que tem atualmente sua assinatura em mais 20 obras no bairro.
Comércio
A avenida Luiz Carlos Berrini, próxima à marginal Pinheiros, em São Paulo, é uma região com futuro promissor no setor comercial. Conta hoje cerca de 60 edifícios.
Carlos Bratke, 54, fez os projetos de nada menos que 52 deles nos últimos 20 anos. "Não pensei que fosse construir tanto."
Bratke resolveu investir na Berrini, criando um local para empresas que não "precisavam do status da avenida Paulista". Fez escritórios amplos e mais baratos. A construtora de um irmão fazia a obra, e ele, o projeto arquitetônico. Seus pares de mercado imobiliário o consideram hoje o "pai da Berrini".
Casa
Assim como Rewin e Bratke, mas com menos volume de obras numa só região, os arquitetos vão dando a "cara" de São Paulo, cuja principal marca talvez seja a diversidade (veja quadro).
No começo da década de 70, as regras eram ditadas por duas empresas, a Gomes de Almeida (atual Gafisa) e a Adolfo Lindenberg. Elas criavam o estilo, que era copiado pelas construtoras menores.
Hoje, o número de arquitetos influentes é bem maior, e a diversidade de estilos também.
Isso ganhou impulso a partir da recessão do começo dos anos 80, quando as construtoras -na falta dos compradores de classe média, "enforcados"- se voltaram para edifícios de alto padrão.
Com isso, a estética foi valorizada. Quando os arquitetos arrojam, a engenharia também tende a evoluir para achar formas de viabilizar os projetos.
Um exemplo foi o prédio do Masp, inaugurado em 67, que tem um vão livre de 60 m. Teve de ser criado um método de cálculo específico, além de um novo tipo de cimento, para colocá-lo em pé. O projeto é da arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992).

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