São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997 |
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Testemunha da aventura do livro
FERNANDO PAIXÃO
A história dessa empresa remonta à primeira década do século, instalada inicialmente na rua da Glória e causando impacto já com o primeiro título: "O Magnetismo Pessoal", de Bector Durville. Otimista, Olívio centrou-se na publicação de textos esotéricos e criou ainda uma revista e um almanaque de variedades, alcançando tiragens excepcionais. Logo a editora passou a contar com uma gráfica própria e pôde ampliar o número de publicações sem maiores custos. Com Diaulas, a Pensamento ganhou em dinamismo. Editando um texto de seu pai -"Hei de Vencer", de Arthur Riedel-, repetiu o sucesso do antecessor e teve estímulo para novas idéias. Veio daí a iniciativa de criar uma outra editora, a Cultrix, destinada à área universitária. Fundada em 1956, acolheu de imediato o talento de Edgard Cavalheiro, profissional experiente recém-saído da Editora Globo. A programação de bons títulos nas áreas de literatura e humanidades, nos primeiros anos, garantiu presença junto ao meio literário. Mas a contribuição mais eficaz e duradoura para o catálogo da Cultrix, em verdade, deveu-se ao trabalho obstinado de José Paulo Paes, poeta envolvido até então nas fórmulas químicas da indústria farmacêutica. Sua entrada na editora, em 1961, foi determinante para garantir a qualidade das traduções, várias delas revistas ou assinadas por ele próprio, e à ampliação de títulos nas áreas de linguística, teoria literária, comunicação e artes visuais. Não por acaso, foi sob sua coordenação que a Cultrix publicou textos fundamentais, como o "Curso de Linguística Geral" (Ferdinand de Saussure), "Elementos de Semiologia" (Roland Barthes) e "ABC da Literatura" (Ezra Pound). No âmbito nacional soube diversificar as colaborações, abrigando obras de Otto Maria Carpeaux, Haroldo de Campos e Alfredo Bosi, entre outros. Embora dirigindo os dois selos editoriais, Diaulas manteve-se sempre mais ligado à linha de textos da Pensamento, escolhendo pessoalmente os títulos a serem publicados. Atualizado com as novidades, foi pioneiro na divulgação entre nós de textos budistas, do "I Ching" e dos "Florais de Bach". Orgulhava-se de ter transformado a editora na maior da América Latina em livros esotéricos, optando por uma linha eclética de títulos, da leitura mais simples aos difíceis tratados herméticos. Envolveu-se também a fundo na organização de classe dos editores, sobretudo durante os anos 50 e 60, tendo pertencido ao grupo que fundou a Câmara Brasileira do Livro, juntamente com Ênio Silveira e Octales Marcondes. Foi eleito presidente da entidade. Empreendedor sensato, Diaulas soube adaptar-se às mudanças do mundo do livro, que neste último meio século saltou das gráficas quase artesanais e da linotipo à computação gráfica e às máquinas rotativas. Texto Anterior: As distorções de uma sinfonia Próximo Texto: O mestre da malária Índice |
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