São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997
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Ideologias disputam o país desde os anos 20

DA REDAÇÃO

Disputas entre comunistas e nacionalistas marcam a história chinesa neste século. Elas se iniciaram ainda na década de 1920 e, a rigor, ainda não se encerraram -os nacionalistas se refugiaram Taiwan e reivindicam o governo da China continental.
Os nacionalistas saíram na frente. Seu primeiro chefe importante, Sun Yat-sen, foi um dos líderes da revolução que criou a república, em 1912. Mas, durante anos, a China foi um mosaico de regiões com mais ou menos autonomia, sem um governo central forte.
Foi justamente uma aliança entre nacionalistas e os então incipientes comunistas, em 1923, que fortaleceu Sun, que morreu em 1925. Entre 1926 e 27, o Kuomintang (Partido Nacionalista) fez uma expedição para o norte que permitiu a derrubada de líderes regionais e a unificação -precária- do país.
Mas essa aliança durou pouco. Ainda em 1927, Chiang Kai-shek, o sucessor de Sun, rompeu com os comunistas. Foi o começo da uma resistência comunista que duraria mais de 20 anos e logo conquistaria regiões inteiras. Despontam figuras como Mao Tse-tung e Deng Xiaoping (então recém-chegado de Moscou e envolvido na consolidação da guerrilha comunista).
Entre 1927 e 1934, Mao comandou sovietes (estruturas comunistas de governo) em regiões do leste do país. Em 1934, o Kuomintang fez uma investida definitiva contra o soviete de Jiangxi.
Mao e os outros comunistas -Deng inclusive- fogem para o noroeste. É a Longa Marcha, um dos episódios mais conhecidos da história contemporânea chinesa. Durou um ano.
Mas, durante a década de 30, o Kuomintang tinha outro problema além dos comunistas: combater a invasão japonesa -outro ponto-chave da história chinesa neste século.
Em 1937, nacionalistas e comunistas viram-se obrigados a unir-se contra o inimigo comum. Durante a guerra sino-japonesa -que acabou se tornando parte da Segunda Guerra Mundial-, os japoneses chegaram a ocupar quase todo o litoral.
Os comunistas conseguiram, a partir de Yenan (aonde chegou a Longa Marcha e que veio a se tornar a mais importante base comunista), reconquistar gradativamente o norte no país.
Nacionalistas e comunistas sabiam que, apesar de aliados, voltariam a se enfrentar quando (e se) os japoneses fossem vencidos.
Foi o que aconteceu a partir de 1945. Era o começo da guerra civil na China. Durante um ano e meio, comunistas e nacionalistas ainda tentaram formar um governo de união nacional. Mas as hostilidades prosseguiram.
Os comunistas começaram a avançar do norte para o sul. Entre novembro de 1948 e janeiro de 1949, os dois lados travaram uma batalha que envolveu mais de 1 milhão de homens em Suchow. Em janeiro de 1949, os comunistas entraram em Pequim.
Naquele ano, os comunistas continuaram ocupando as principais cidades: Nanquim (abril), Xangai (maio) e Cantão (outubro). Em 1º de outubro de 1949, com Mao à frente, era fundada a República Popular da China.
Em 1950, Chiang Kai-shek e os demais líderes nacionalistas estabeleceram seu governo na ilha de Taiwan, para onde haviam fugido. Até hoje Pequim considera Taiwan uma Província rebelde. Já Taiwan se considera o legítimo governo.
Os comunistas conseguiram um importante passo para o reconhecimento internacional com a filiação à ONU, em outubro de 1971. Taiwan saiu da organização. Hoje, a maioria dos países, inclusive o Brasil e os EUA, reconhece Pequim como o governo chinês.

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