São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Relator à solta

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Outra vez, na ordem do noticiário da Globo:
O ministro da Fazenda declarou que a CPI não deve avançar pelo sistema financeiro todo. Deve fechar nos precatórios. ACM, idem. O presidente do Congresso declarou que abrir o leque da investigação pode fazer perder a CPI. Bernardo Cabral, presidente da CPI, idem.
Então FHC achou por bem ir à televisão, via porta-voz, dizer que aprova as investigações da CPI, acrescentando que devem avançar por onde for preciso. Em outras palavras, não queria parecer que teme a investigação.
O ministro, o presidente do Congresso, o presidente da CPI, todos governistas, agem para limitar a CPI. O presidente declara o oposto.
Quem desafina, no concerto governista, é o irrefreável Roberto Requião. O relator fala aos ventos, às redes: a comissão vai investigar tudo.
Ontem, sem parada, pediu que a Procuradoria Geral da República entre no jogo.
Também ontem, recebeu o apoio imprevisto do TCU. Vai auditar o Banco Central com base num pedido do petista José Eduardo Dutra.
Nas imagens dos telejornais, Requião posou ao lado do petista Eduardo Suplicy.
*
Já no dia anterior, foi dele, Requião, a reação à idéia de fechar o foco nos doleiros, aliviando políticos em geral. Reagiu prometendo anistia a quem entregasse o chefe.
Os governistas não ouviram calados. ACM respondeu descrevendo a proposta como perigosa. Era para passar ontem. Não passou.
*
O que passou foi a concentração do inquérito, como anunciado, nos doleiros. Saiu nova lista dos mesmos, que tomou as manchetes do TJ Brasil ao Jornal da Band.
O Jornal Nacional privilegiou a coincidência de nomes do esquema PC com o esquema dos precatórios.
Mas doleiros, só doleiros.

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