São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Prisão esvazia acampamento

ULISSES DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANDOVALINA

Com a fuga dos líderes do MST no Pontal do Paranapanema, o posto de comando foi assumido provisoriamente por Gilmar Mauro, líder estadual do movimento, o único que circulava normalmente ontem.
Além dos quatro procurados pela polícia, outros cinco líderes saíram de circulação, incluindo Diolinda Alves de Souza, com medo de serem presos.
Ontem, Mauro percorreu os acampamentos e assentamentos, conversou com os sem-terra e assentados e pediu calma diante das ações da polícia.
A decretação da prisão esvaziou o acampamento Taquaruçu. Das 1.500 famílias que invadiram a fazenda São Domingos, só 600 ficaram no local. Passaram o dia sem nada fazer.
Mauro disse que os líderes e os militantes estão tranquilos. "Não devemos nada, aqui não tem nenhum bandido", disse.
Ele afirmou não ter informações sobre Rainha Jr. e os demais líderes procurados pela polícia. Mauro considerou "arbitrária" a decretação da prisão dos cinco. "Nós que recebemos tiros e nós que somos presos e revistados", disse.
José Rainha Jr. tinha informações de que poderia ser preso desde a manhã de anteontem. Ele se mostrava apreensivo e cuidadoso o tempo todo.
Por volta das 16h, a pretexto de que teriam uma reunião de coordenação, ele e os demais líderes do MST desapareceram.
O comando da Polícia Civil em Presidente Prudente investiga o vazamento de informações, que impediu as prisões.
Transferência
O coordenador regional do MST, Márcio Barreto, 25, foi transferido ontem da cadeia de Presidente Bernardes para a de Presidente Prudente. Ele é o único preso entre os cinco líderes sem-terra que tiveram a prisão preventiva decretada.
Os advogados do MST Fabrício Pereira de Melo, e Aparecido Gonçalves Ferreira, disseram que a prisão foi "política, ilegal, arbitrária e abusiva".
Segundo o advogado, Barreto disse-lhe que, no momento da prisão, a polícia não teria apresentado o mandado. O coronel Souza Filho, que comandou a operação, não foi encontrado ontem pela reportagem.

Colaborou ULISSES DE SOUZA, free-lance para a Folha

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