São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997 |
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Discurso duro define posição
CLÓVIS ROSSI
Não que Lampreia tenha anunciado posições novas. O que caracteriza a novidade é o fato de ter explicitado claramente a natureza das divergências, sem embrulhá-las na normalmente cautelosa linguagem diplomática. Sabia-se, por exemplo, que o Brasil tem menos pressa do que os Estados Unidos na constituição da Alca. Sabia-se, igualmente, que o Brasil dá prioridade à consolidação e aprofundamento do Mercosul, antes de mergulhar na Alca. Mas o ministro Lampreia deu a essas posições a característica de um marco, em especial ao afirmar que o Mercosul "não vai diluir-se no hemisfério (portanto, na Alca) nem constitui uma mera etapa de transição". Traduzindo: o governo brasileiro acha que o Mercosul veio para ficar e, por isso, deve ser levado em conta na hora de se negociar uma integração hemisférica mais ampla. Por fim, Lampreia retirou o governo brasileiro de uma posição aparentemente defensiva, qual seja a de apenas reagir à pressão dos EUA por maior e mais profunda abertura de seus mercados. Exigiu "garantia de reciprocidade" e apresentou a sua própria lista de reivindicações: quer quer os EUA eliminem os entraves, tarifários ou de outra natureza, para calçados, produtos siderúrgicos e metalúrgicos, suco de laranja, têxteis, açúcar, tabaco, entre outros. É evidente que a explicitação de divergências não significa uma crise Brasil/EUA. Mas significa que os interesses comerciais, essenciais na diplomacia moderna, claramente não são coincidentes. Texto Anterior: Exportação deverá ficar em US$ 3,2 bi Próximo Texto: Embaixador quer nivelar UE e Alca Índice |
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