São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Brasil e Argentina discutem incentivos

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

A Argentina e o Brasil, depois de dois meses de espera, vão discutir nesta sexta-feira o futuro próximo do comércio automotor entre os dois maiores sócios do Mercosul.
Os secretários de Indústria dos dois países, Alieto Guadagni e Francisco Dornelles, se encontram no Rio de Janeiro, em uma reunião que inicialmente estava marcada para meados de janeiro.
Guadagni deve apresentar a Dornelles a proposta de compensação pelos incentivos fiscais que foram concedidos em dezembro às montadoras para se instalarem no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
"É muito difícil construir um mercado comum sem políticas comuns de investimento. E, se não se fizermos isso, o Mercosul será simplesmente uma zona de livre comércio", afirmou Guadagni.
Ele se nega a adiantar qual será a proposta argentina. Mas é certo que deve pedir que esses incentivos fiscais não ultrapassem o ano 2000, quando os dois países terão um regime comum para o setor.
Também podem fechar um acordo iniciado há um ano, entre os ex-ministros Domingo Cavallo e Dorothea Werneck, que estabelecia uma quota de vendas para que montadoras que tenham fábricas em um só país do Mercosul entrem no comércio automotor.
Beneficiariam-se com isso a Toyota, Sevel e Chrysler, do lado argentino, e a Volvo, do lado brasileiro -a partir de 1998 somariam-se Honda, Asia Motors e Hyundai. A idéia é que a Argentina exporte 40 mil unidades dessas marcas até o ano 2000 para o Brasil. No caminho inverso, entrariam 13 mil veículos brasileiros no mercado vizinho.
Além dos automóveis, outros problemas mais recentes dentro do Mercosul estarão em pauta: os alimentos e os remédios. Em primeiro lugar, a Argentina se queixa da tentativa do Ministério da Saúde brasileiro de criar um controle sanitário para todos os produtos que entrarem no país, incluindo os dos sócios do Mercosul.
Em janeiro, uma rápida reação argentina barrou a medida, que ressurge agora. Os argentinos classificam o controle como uma barreira para um comércio que cresceu muito nos últimos anos.
Outro ponto será a integração no setor farmacêutico. As muitas diferenças entre os dois países na área estão impedindo o comércio.
O mercado brasileiro é dominado pelas empresas multinacionais e reconhece as patentes internacionais. Já o argentino tem hegemonia do capital local e só atenderá as exigências dos EUA sobre as patentes daqui a cinco anos.

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