São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 1997
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IBF também operou com títulos federais

FERNANDO GODINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A partir de investigações da Polícia Federal, a CPI dos Precatórios fez duas novas descobertas sobre a IBF Factoring, que lucrou exatos R$ 125,3 milhões em operações irregulares no mercado financeiro.
A empresa priorizou sua movimentação bancária na agência paulistana do Banco Dimensão e realizou operações com papéis federais (como Títulos da Dívida Agrária, debêntures da Siderbrás e letras hipotecárias da Caixa Econômica Federal).
Segundo o relatório confidencial da PF, as operações da IBF com títulos públicos "produziram lucros exorbitantes", com ganhos de até R$ 1,3 milhão em um único dia.
Um dos próximos passos da PF será uma investigação minuciosa na conta bancária da IBF no Banco Dimensão, que movimentou "R$ 123 milhões em lucros" com as transações com títulos públicos.
Segundo o relatório confidencial da PF sobre a IBF, nunca foi enviado para a empresa qualquer extrato bancário relativo à conta no Banco Dimensão.
Rastreamento
"Isso exige uma investigação no banco sobre o endereço para correspondência da conta, que, provavelmente, irá apontar para a localização dos verdadeiros responsáveis pela movimentação dessa conta", afirma o delegado Mário Nakasa no relatório confidencial, obtido pela Folha.
Os senadores da CPI esperam que essa investigação revele os verdadeiros destinatários dos cheques emitidos pela IBF Factoring e compensados pelo Dimensão.
O relatório da PF confirma que Ibraim Borges Filho, dono da IBF, recebeu R$ 80 mil para "vender" os cheques da sua empresa para a Split DTVM e que o empresário Pedro Mammana Moquedace "intermediou" as operações entre as duas empresas.
Para a PF, o foco das investigações deve se voltar para os administradores da Split, entre eles o empresário Enrico Picciotto.
Papéis
A PF revelou à CPI que a IBF Factoring operou também com os títulos estaduais do Rio de Janeiro e municipais de Osasco, São Paulo e Guarulhos. Além das TDAs, outros papéis federais operados pela IBF são da Sunaman e Lloyd Brasileiro.
Também há debêntures da Siderbrás, Banestado, Banorte, Centrais Elétricas Matogrossenses, Empresa Energética do Mato Grosso do Sul, Sharp Equipamentos Eletrônicos e Inepar Indústrias e Construções.
Até agora, a CPI só sabia das operações com títulos públicos de Santa Catarina, Pernambuco e Alagoas, além de debêntures da Cesp e Sabesp e Eletrobrás.
As operações foram feitas com as corretoras Split, JHL, Valor, Olímpia e Ativação.
Outro lado
O diretor administrativo do Banco Dimensão, Rubens Guimarães, disse ontem à Folha que a instituição não envia extratos para seus clientes.
"Os correntistas é que vêm ao banco pegar os extratos", afirmou Guimarães.
Segundo ele, a conta da IBF Factoring foi aberta com o conhecimento da Cetip, uma central de custódia de títulos públicos que é administrada pelo próprio mercado financeiro.
Guimarães afirmou ainda que os cheques da IBF foram pagos porque a conta da empresa possuía fundos suficientes para a compensação.

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