São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 1997
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BC investigou empresas suspeitas em 91

CARI RODRIGUES

CARI RODRIGUES; GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Corretoras que agora tiveram sigilo quebrado foram citadas no escândalo das 'carioquinhas'

GUSTAVO PATÚ
Coordenador de Economia da Sucursal de Brasília
Cinco instituições financeiras investigadas hoje pela CPI dos Precatórios já eram citadas em relatório do Banco Central de 91 sobre operações irregulares com papéis do Estado do Rio.
As distribuidoras de valores Áurea, Contrato, Torre e Aplik, mais o Banco Maxi-Divisa, são citados no relatório, obtido pela Folha, como integrantes da cadeia de beneficiários de operações sob suspeita que causaram prejuízo de US$ 13,4 milhões ao Fundo da Dívida Pública do Estado do Rio.
As empresas tiveram sigilo bancário, fiscal e telefônico quebrados pela CPI, por envolvimento em operação supostamente irregular.
A CPI não está apurando as irregularidades com os títulos do Rio, batizados de "carioquinhas", que são do conhecimento do BC e da Justiça há quase seis anos.
Documentos do BC e do ministério mostram que o esquema apontado no Rio tem várias semelhanças -e possíveis ramificações- com os apontados agora pela CPI.
Astra e Vetor
Jacques Ganon, irmão de Ronald Ganon (sócio do Banco Vetor, liquidado na semana passada), foi denunciado pela Procuradoria da República no Rio em 91 como detentor do "controle de todo o esquema criminoso" no Rio.
Na época, Jacques era sócio da Astra Corretora. Na sede de sua empresa teriam sido preparados cheques de emissão da corretora Florim (depois liquidada pelo BC) para receber endosso do Lar Escola São Cosme e Damião.
Essa entidade servia de "laranja". Os lucros das corretoras teriam sido desviados em operações deficitárias com o Lar Escola.
Ganon saiu da Astra Corretora e fundou a Astra DTVM. Ele disse que, depois, trabalhou com títulos do município de São Paulo e do Estado de Pernambuco. "Acho que a CPI está misturando revanche política com técnicas de mercado."
O secretário do Planejamento do Rio, Marco Aurélio Alencar, filho do governador Marcello Alencar, foi denunciado como um dos responsáveis pelas operações. Ele era assessor da prefeitura, então comandada por seu pai.
Foi o município quem fez as operações que teriam lesado o Estado -o Banerj vendia os títulos. Os papéis eram vendidos a corretoras e recomprados por taxa acima da de mercado. A Folha não conseguiu falar com Marco Aurélio.

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