São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 1997
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Greenspan dá novo alerta à Wall Street

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado viveu ontem uma reprise do que ocorreu em dezembro: um depoimento do presidente do banco central dos EUA, Alan Greenspan, derrubou as principais Bolsas do mundo, arrastando a de São Paulo, que chegou a cair 3,7%.
O mercado de Nova York, alvo das declarações do executivo do Federal Reserve (Fed), registrava queda de 1,8%, no pior momento do dia, mas se recuperou à tarde, fechando com queda de 0,78%.
As afirmações foram feitas em discurso ao Senado dos EUA.
O sentido foi exatamente o mesmo da mensagem mandada por Greenspan no final do ano passado, quando ele cunhou a expressão "exuberância irracional" para definir o atual momento do mercado nova-iorquino de ações.
Ontem, ele voltou a afirmar que considera exagerado o otimismo dos investidores norte-americanos. E disse que o Fed está atento e pronto a elevar os juros para evitar um eventual repique da inflação, hoje na casa dos 3% ao ano.
O recado fez estragos em Londres, que recuou 0,6%, Frankfurt e Paris, que também caíram. Assim como em Buenos Aires (-1,4%).
Kandir e o preço da Vale
O ministro Antonio Kandir, do Planejamento, não parece autorizado a falar sobre a privatização da Vale do Rio Doce, apesar do assunto ser de responsabilidade do ministério que ele comanda.
Pelo menos é essa a impressão que fica do episódio patrocinado por Kandir quando ele esteve em São Paulo, na segunda-feira, participando de seminário da Bolsa.
Na ocasião, o ministro informou que no edital de venda da Vale constaria o preço que será pedido pela empresa, informação vital para os investidores. Foi o que o ministro disse a rádios e TVs.
Minutos depois, quando novamente questionado, ele tratou de usar um "muito provavelmente", demonstrando que a questão não estava completamente resolvida.
Para encerrar o caso criado por Kandir, foi preciso que o presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, hierarquicamente subordinado a Kandir, batesse o martelo, em entrevista no mesmo seminário, um dia depois.
Não, o preço da Vale não vai estar no edital, afirmou Mendonça de Barros. E completou: o que será divulgado nos próximos dias é apenas um "boneco" do edital.

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