São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 1997
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Das chuteiras vermelhas ao sistema de Falcão

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, ouvi (porque a iluminação do estádio não permitia, por meio das imagens dos gols pela TV, confirmar a informação) que o Santa Cruz, lá da Pernambuco do meu amigo Arto Lindsay, pôs o time em campo, na terça, com todos os jogadores usando chuteiras vermelhas.
É Pernambuco novamente na vanguarda.
Desconfio que essa foi a primeira vez em que os 11 jogadores de um time de futebol não usaram chuteiras pretas.
Até agora, poucos jogadores se arriscavam a usar o calçado do futebol fora do padrão em negro.
É certo que, por pressão dos fabricantes de chuteiras, que patrocinam os jogadores, nos últimos anos vem crescendo bastante o número de "chutantes" coloridos nos campos.
Mas, como o futebol é um esporte bastante conservador, a mudança na palheta de cores das chuteiras demorou muito a se tornar um hábito difuso (compare com a transformação radical dos tênis no basquete, por exemplo).
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Por falar em chuteiras, adorei a estilista do Phytoervas Fashion que colocou todos as modelos vestindo chuteiras.
Como eu venho sempre dizendo, o esporte hoje é grande influenciador da moda e do comportamento.
É o que se chama, no mundinho fashion, de "tendência".
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Já que a coluna hoje escreve sobre elegância, vou relatar uma pequena conversa com Paulo Roberto Falcão.
Ele acha que o Brasil já poderia evoluir para um sistema de três zagueiros -que não teria nada a ver com o 3-5-2 de Lazaroni, usado na Copa da Itália de 1990.
Falcão argumenta que os laterais brasileiros já nascem com a vocação para atuar como alas. São velozes, têm ótimo controle da bola e visão de jogo.
Não é a toa, argumenta ele, que, quando vão para a Europa, quase sempre se tornam jogadores de meio-campo.
No tradicional sistema brasileiro de linha de quatro zagueiros, como os laterais avançam, os zagueiros de miolo ficam muito vulneráveis no confronto contra os dois atacantes adversários -principalmente contra os times europeus.
Além de ficar no confronto direto com o atacante, muitas vezes os zagueiros de meio precisam deslocar-se para cobrir os laterais, abrindo espaço na zona central do ataque.
No sistema de três zagueiros, haveria sempre o jogador da sobra protegendo, em segundo combate, os companheiros.
À frente dos três zagueiros, ainda haveria um volante de contenção, recobrindo o setor defensivo pela frente.
Se consigo esquematizar o sistema de Falcão, acho que ele sugere algo como um 3-3-2-2.
A argumentação do rei de Roma faz sentido: haveria uma melhor distribuição de funções dentro do campo, o sistema de jogo brasileiro ficaria mais arredondado.
Pensando na fragilidade do sistema de Zagallo, então, chego até a pensar que seria uma experiência que valeria tentar.
Mas, para funcionar, precisaria de muito treinamento.

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