São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 1997
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Itália arma frenesi para 'levar' 2004

COI não descartou o Rio

SÍLVIO LANCELLOTTI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

"Nenhuma cidade foi eleita. Nenhuma cidade foi descartada". Com essa frase impositiva, uma fonte importante do Comitê Olímpico Internacional analisou o frenesi de notícias, deflagrado na última quinta-feira, que já apontaria Roma como a sede dos Jogos-2004.
A observação, claro, não tranquiliza a candidatura do Rio. De todo modo, coloca um pouco de ordem na polêmica criada por um vazamento de informações e pela sua interesseira interpretação.
Cerca de um mês atrás, vários jornalistas, inclusive este articulista, tiveram acesso aos relatórios prévios do comitê de investigadores do COI. Tais relatórios, ainda em fase de redação final, glorificavam a capital italiana e também elogiavam bastante o conteúdo ideológico da candidatura do Rio.
Na última quarta-feira, ficaram prontos os textos definitivos. O COI, então, enviou cópias a duas dezenas de jornalistas e lhes solicitou o compromisso da não divulgação antes da sexta, para que a distância e os fusos horários não prejudicassem, por exemplo, os países das Américas e do Oriente.
As agências de notícias, porém, optaram pela antecipação. Jornalistas italianos, principalmente, não resistiram à tentação. A sua Roma merecera dos investigadores do COI os elogios mais alentados. Com relação às concorrentes de Roma, os vazadores das informações só propuseram um resumo compacto dos elogios e uma síntese mais gorda das invirtudes.
Consequência: chegaram ao Brasil, basicamente, as informações que interessavam a Roma.
Foi corretíssimo o financista Ronaldo Cezar Coelho, presidente do Comitê Rio 2004, ao afirmar que "houve uma grande manipulação das agências internacionais".
Reação bem mais pesada partiu da Cidade do Cabo. Chris Ball, o presidente do seu comitê, diretamente acusou os italianos pela manipulação: "O relatório fala de nós de maneira integralmente positiva e encorajadora. Roma começou campanha negativa contra nós e contra outras candidaturas exclusivamente para nos eliminar".
Abuso semelhante "La Gazzetta" cometeu contra o Rio: "Graves problemas de tráfego", que alguns tradutores apressados converteram em "tráfico". Ironia. O relatório do COI indica exatamente que a maior das invirtudes de Roma é o seu "tráfego", o trânsito sempre caótico da capital da Bota.
No dia 6 de março, em Lausanne, Cezar Coelho terá 25 minutos para exibir as suas diante de 14 auditores, 9 membros do COI e 5 representantes da "Família Olímpica", 13 homens e 1 mulher.
Levará consigo um depoimento gravado do presidente Fernando Henrique, garantindo que os custos serão devidamente cobertos.

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