São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 1997![]() |
![]() |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Nos estádios, Collor já está de volta
MÁRIO MAGALHÃES
A mesma pintura foi feita nos muros da TV Gazeta de Alagoas, da Organização Arnon de Mello. O presidente do clube mais popular do Estado e o do principal grupo de comunicação são a mesma pessoa: o ex-deputado federal Euclides Mello, irmão de Francisco. O episódio eleitoral contribuiu para reforçar a imagem do CSA com uma das agremiações que mais misturam esporte e política no país, servindo, às vezes, como ótima vitrine para candidatos. Empenhado em planejar a volta à política -readquire os direitos em 2000-, Collor incentivou o primo Euclides Mello a assumir o CSA. Desde 95, Euclides integra uma junta diretiva do clube. Em janeiro, passou a presidir o executivo. No dia 5 passado, Collor, de Miami (EUA), telefonou para o celular de Euclides Mello, quando este assistia a CSA x Santa Cruz (PE), no estádio Rei Pelé (Maceió). Collor queria saber o placar. Depois, voltou a telefonar, quando o primo já estava num restaurante, para conhecer o resultado final -derrota do CSA nos pênaltis. A lista de dirigentes do clube contém mais políticos: o deputado federal Augusto Farias (PPB-AL) foi presidente em 89-90. Em 89, com grande presença na mídia como desportista, obteve um mandato na Câmara dos Deputados. Ele foi sucedido na direção do CSA pelo seu irmão Cláudio Farias (91-92), vitorioso na candidatura a vereador ao deixar o clube. Cláudio e Augusto são irmãos de Paulo César Farias, tesoureiro da campanha presidencial de Collor assassinado no ano passado. O usineiro João Lyra, sogro de Pedro Collor, o irmão já morto de Fernando Collor, presidiu o CSA entre 79 e 86, período em que o time conquistou cinco Estaduais. O sucesso no futebol não assegurou vitória eleitoral -presidente do CSA, Lyra amargou uma derrota para o Senado. Entre 91 e 96, o presidente do Conselho foi Geraldo Bulhões, governador de 91 a 94. O ex-prefeito Ronaldo Lessa, possível candidato do PSB a governador em 98, integra o Conselho, assim como o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). A prefeita de Maceió, Kátia Born (PSB), é presidente de honra do clube. Na sede do CSA, há adesivos da candidatura de Francisco Mello (PMN) e a foto oficial de Collor na presidência da República. "É uma homenagem", diz o vice-presidente de futebol, Roberto Mendes, deputado estadual cassado durante o regime militar, 69. "Nada mais justo do que a admiração por ele." Mendes foi eleito à época graças ao seu prestígio no CSA, onde foi jogador e técnico. "O CSA é um cartão de apresentação política, social e econômica", afirma. Euclides Mello nega que tenha aceitado a presidência de olho em dividendos eleitorais. "Não tenho pretensão de voltar à vida pública, embora digam que tenho uma cadeira garantida de deputado federal", diz. "O CSA não é trampolim político para ninguém, embora eu não deixe de reconhecer que ajuda." A deputada estadual Heloísa Helena (PT), adversária do grupo político dos Mello, critica a utilização de instalações do clube para a campanha de Francisco a vereador. "Sou torcedora do CSA. Para mim, é constrangedor que o clube esteja a serviço da candidatura." Texto Anterior: Política F.C. Próximo Texto: CSA perdeu patrimônio nos últimos anos Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |