São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 1997
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Vaticano pede lei contra clone humano

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Igreja Católica entrou ontem na polêmica sobre a possibilidade de clonagem de seres humanos e pediu que a prática -que ainda não existe- seja proibida mundialmente.
O teólogo Gino Concetti, que é próximo ao papa João Paulo 2º, escreveu artigo no "L'Osservatore Romano" dizendo que "uma pessoa tem o direito de nascer de uma maneira humana, não no laboratório". O jornal é uma espécie de diário oficial do Vaticano.
A polêmica teve início no começo da semana, quando cientistas britânicos anunciaram que uma ovelha foi criada a partir de uma célula de uma outra ovelha adulta. Dolly, a ovelha clonada, pode ser o ponto da partida para a repetição do experimento em humanos, o que dispensaria a concepção sexuada e criaria seres idênticos.
A Igreja Católica rejeita qualquer forma de concepção não-natural, inclusive a fertilização in vitro.
Elio Sgreccia, diretor do instituto de bioética da Universidade Católica de Roma, disse que aceita a realização da clonagem com animais em circunstâncias específicas, "quando há razões sérias e importantes para o benefício da humanidade ou dos próprios animais". Mas Sgreccia, também um religioso, disse que "precisamos respeitar as espécies animais".
O apelo do Vaticano para que os países aprovem legislações proibindo a clonagem de humanos já está prestes a ser aceito em alguns lugares. Uma comissão do Parlamento Europeu pediu à Comissão Européia que examine "as implicações éticas" da experiência.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, já convocara uma comissão para discutir o assunto. Ontem, Harold Varmus, diretor dos Institutos Nacionais de Saúde, disse a congressistas que a clonagem de humanos é "moralmente repugnante". Varmus, uma das principais autoridades em ciência nos EUA, acha que "seria um bom filme, mas é má ciência e má ética". Ele defendeu, no entanto, os benefícios da clonagem de animais.
Os cientistas que "inventaram" Dolly dizem que a clonagem de animais pode garantir melhorias genéticas com implicações na saúde humana. A cotação das ações da empresa que detém a patente da técnica, a PPL Therapeutics, já subiu 51,4% nesta semana na Bolsa de Londres.

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