São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 1997
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Banco Central; Rádio pirata; Café; Desarmamento

Banco Central
"A propósito da matéria 'BC investiga BC no caso dos títulos', de 25/2/97, esclareço ser inteiramente falsa a informação de que o Banco Central tenha decidido abrir inquérito administrativo interno, a fim de apurar responsabilidades em operações ou autorizações referentes a títulos públicos.
Entre os documentos coletados e fornecidos à CPI presentemente investigando autorizações e operações com títulos estaduais e municipais, o Banco Central não encontrou, até o momento, elementos capazes de deflagrar procedimento interno de investigação sobre a eventual participação irregular de servidores do banco no caso em tela. Não há, consequentemente, nenhum cabimento nas outras ilações trazidas pela matéria de que o alegado inquérito atingirá este ou aquele departamento, ou que terá objetivos políticos.
Com esses esclarecimentos, o Banco Central reafirma seu mais absoluto interesse na total apuração dos fatos ora investigados pela referida CPI e aguarda que, como resultado desse esforço, todas as eventuais irregularidades sejam integral e exemplarmente punidas, como de resto espera a sociedade brasileira em geral e esta Autarquia em particular.
Gustavo Jorge Laboissière Loyola, presidente do Banco Central

Resposta da jornalista Sônia Mossri - A informação sobre a abertura do inquérito administrativo foi apurada na própria diretoria do BC (Banco Central).

Rádio pirata
"Há alguns meses, esse jornal citou meu nome como integrante de um grupo de deputados que, habitualmente, faltava às sessões da Câmara de Deputados. Faltei, mas em decorrência de doença vascular cerebral, que me impediu, até, de gerir os meus negócios. Neste mesmo ano, sofri a irreparável perda de meu irmão, Ronaldo. Irresponsavelmente, esse periódico não citou tais acontecimentos.
Deparei-me com matéria da Folha (19/2), sob o título 'Esquema oferece rádios piratas a políticos', em que meu nome é citado como possível conhecedor das 'manobras', expressão usada pelo jornalista Lucas Figueiredo. Nada sei dessas 'manobras'.
Meu nome é citado como um possível candidato a pirata radiofônico por artes de um telefonema gravado pelo jornal de uma conversação com um sr. Antônio Zucco Jr., que teria se referido a mim como alguém que tivesse rádios piratas em Minas. A estultícia de uma tal acusação não é menor que o desamparo do bom senso com que ela é levantada. Não cabe na cabeça de ninguém que um empresário da construção civil, com diversas frentes de obras no país, possa se aventurar numa atividade que a clandestinidade à pequena indústria do rádio, aquela que se pratica com instrumentos rudimentares de eletrônica.
Gravações telefônicas obtidas pela reportagem (assim diz a matéria) comprovam o envolvimento do senador Francisco Escórcio (PFL-MA) e do delegado do Ministério das Comunicações do Maranhão, Itaqué Mendes Câmara, no esquema desvendado. Nas fitas, participantes do esquema citam o presidente do Congresso, José Sarney, e o humilde deputado que demanda essa correção.
Dá-se nessa informação um fenômeno: o senador José Sarney é citado como personagem provável de mais uma 'manobra' da política maranhense, mas quem recebe as sobras é um modesto deputado federal por Minas Gerais.
Mais ainda, quem deve dar os esclarecimentos de que essa atividade de distribuição de rádios piratas no país é o ministro Sérgio Motta, das Comunicações, cujo delegado do Maranhão é especialmente citado como alguém que dá 'cobertura' ao esquema no Estado. Nada existe em relação a Minas, nem aos delegados do Ministério das Comunicações no meu Estado, dando 'cobertura' a alguém. Portanto, mesmo se eu me interessasse em me tornar dono de rádios piratas, estaria deserdado e sem proteção de ninguém.
Sérgio Augusto Naya (Brasília, DF)

Café
"Na coluna assinada pelo deputado federal Delfim Netto (PPB-SP) em 29/1, o Departamento Estatístico e Econômico da Abics (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel), presidida por mim, forneceu ao articulista informação equivocada, o que permitiu discussão com representantes do Itamaraty.
Retificamos aqui a informação: o imposto sobre café solúvel brasileiro para entrar no mercado argentino é de 12% e sobre o colombiano é de 24%. Mas o que causou estranheza foi a rapidez e eficiência do Itamaraty em contestar esses dados, já que o mesmo zelo não acontece na defesa dos produtos brasileiros no exterior.
No mercado argentino, é verdade, o café brasileiro sofre imposto menor do que o café colombiano, mas no mercado europeu, maior e mais significativo, o solúvel brasileiro, um dos mais importantes itens da exportação de nosso país, sofre taxação discriminatória de 10,01%, enquanto o café solúvel de concorrentes, como o colombiano e de outros países da América Latina e Central, não paga nada.
A Argentina, que não produz um só grão de café, exportou em 95 maior quantidade de café solúvel para nós -614 toneladas-, enquanto o maior produtor de café do mundo, o Brasil, exportou para aquele mercado 582 toneladas. Em 96, outra mágica: a Argentina -que continuou sem produzir café- exportou para nós 418 toneladas, e nós para eles, 433 toneladas. É bom lembrar que o solúvel brasileiro pagou 18% para entrar na Argentina, mas o café solúvel deles só paga 2% para entrar no Brasil.
Com a discutida eficiência e o descaso com que o Itamaraty cuida dos interesses da economia e das empresas nacionais, gostaria de saber que explicações serão apresentadas para o caso."
Sérgio Coimbra, presidente da Abics - Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (São Paulo, SP)

Desarmamento
"Nunca havia lido tanta besteira junta no editorial 'Amplo desarmamento' (17/2). Afirma que 'criminalidade está diretamente associada ao acesso quase irrestrito às armas de fogo'. Sim, os bandidos têm acesso irrestrito às armas, e o cidadão honesto tem de cumprir uma série de exigências legais.
Concordo que se deva iniciar imediatamente o desarmamento, mas discordo do articulista na forma como ele coloca a questão. Deixe para desarmar o cidadão honesto por último.
Pérola foi a afirmativa de que o cidadão que se arma está pretendendo 'fazer justiça com as próprias mãos'. Que tal direito à defesa em condições de desvantagem com relação à marginalidade?
Quanto ao último parágrafo, mudaria um pouquinho: 'Um amplo desarmamento, dos bandidos, em todo o país, é uma tarefa inadiável, que já possui um amplo respaldo legal'."
Marcos Soares Ramos Cabete (Ribeirão Preto, SP)

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