São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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PF quer depoimento informal de doleiros

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU (PR)

A Polícia Federal montou uma operação para tentar negociar depoimentos "informais" dos doleiros paraguaios envolvidos com as irregularidades com títulos públicos estaduais e municipais.
Delegados da PF que já atuaram na região da fronteira entraram em contato com amigos, conhecidos, ex-sócios e parentes dos doleiros para convencê-los de que eles podem "ajudar" nas investigações sem correr risco de prisão.
"Somente sendo muito ingênuo, um doleiro vai cair nessa história da polícia brasileira", disse o cambista Juan Javier, que trabalha na Ponte da Amizade, que liga o Brasil a Ciudad Del Este, no Paraguai.
O cambista se diz parente distante e amigo de Carmem Alonso de Javier, doleira paraguaia que recebeu cheques no valor de R$ 21,5 milhões da IBF Factoring, empresa paulistana que funcionou como "laranja" nas fraudes com títulos públicos.
Segundo amigos dos doleiros, a PF sabe que não pode mesmo prender os paraguaios (nem ordem de prisão existe no momento e eles se encontram em território estrangeiro) e por esse motivo "mendiga" por informações.
Com muitos negócios em Foz do Iguaçu, os doleiros (Carmem Alonso de Javier, seu irmão Benício e Miguel Sosa) mantêm contatos com os amigos da cidade. Têm dito que se encontram em território paraguaio.
Eles dizem que não estão dispostos a colaborar nem com a PF nem com a CPI, por mais que sejam tentadoras as promessas. O senador Esperidião Amin, membro da comissão, planejou até a aprovação de um projeto de "anistia criminal" para esses doleiros.
O senador Romeu Tuma, ex-diretor da PF e antigo conhecido dos esquemas montados na fronteira, também entrou em cena para "rastrear" os doleiros.
Em sigilo, ele tem conversado com cambistas e informantes da região para tentar saber o destino final dos recursos obtidos ilegalmente pela máfia dos títulos públicos. Somente por Foz do Iguaçu passaram pelo menos R$ 27,9 milhões, de acordo com a CPI.

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