São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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FHC desautoriza Motta e diz que 1997 não é ano de eleição

Presidente não apóia idéia do ministro das Comunicações

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso declarou ontem que o ano de 1997 "é de trabalho e não de eleição".
A frase foi reproduzida pelo porta-voz da Presidência da República, Sergio Amaral, ao comentar a intenção do ministro Sérgio Motta (Comunicações) de promover caravanas pelo país em favor da reeleição do presidente.
"A emenda (da reeleição) nem sequer passou ainda pelo Senado. Portanto, ele (o presidente da República) não está cogitando qualquer caravana", disse Amaral.
O porta-voz afirmou ainda que a idéia das caravanas não foi discutida com o presidente, nem recebeu o aval dele -como dissera o ministro das Comunicações.
'Líder importante'
"O ministro Motta é um líder importante do PSDB, tem ações, idéias e pensamento político próprios, e, como tal, pode discutir com o partido uma série de idéias. Dessa, o presidente não sabe", disse o porta-voz da Presidência.
"O presidente está envolvido no trabalho, nos assuntos da agenda do governo", afirmou o porta-voz. Para Amaral, as propostas e falas do ministro Sérgio Motta "não necessariamente coincidem com as do presidente".
Para se saber quando o ministro das Comunicações fala de acordo com Fernando Henrique Cardoso, Amaral disse que "é preciso perguntar a ele (ministro)".
"Mas, quando não coincide, em algumas vezes o presidente manifesta o seu ponto de vista diferente do ministro Motta", completou o porta-voz de FHC.
Amaral referia-se também às declarações de apoio do ministro das Comunicações à pretensão do PSDB de assumir a liderança do governo na Câmara dos Deputados, substituindo o deputado Benito Gama, do PFL baiano. FHC decidiu que, por enquanto, Benito ficará no cargo.
Com relação às críticas feitas por Motta à área social do governo, o porta-voz afirmou que o ministro contestou a forma como a imprensa as publicou.
"O ministro pede e insiste para que seja ouvida a fita com a fala dele", disse Amaral.
As declarações de Motta foram as seguintes: "Houve melhoria na distribuição de renda. Mas isso não resolve nada. A educação ainda é vergonhosa. Temos 4,8 anos de escolaridade média. Em Cuba, são 11 anos. (...) A saúde pública é outra vergonha".
Insatisfação
"O presidente lembra também que os ministros da área social estão fazendo um esforço muito importante para combater as desigualdades sociais no Brasil, que já apresenta, em muitas áreas, resultados muito importantes", afirmou o porta-voz.

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