São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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Moradores são transferidos a abrigos de madeira

ESPECIAL PARA A FOLHA

Cinquenta favelas foram removidas nas administrações passada e atual. Os moradores são transferidos para abrigos de madeira de um cômodo, com banheiro comunitário.
Segundo João Leopoldo Wernek de Camargo, engenheiro e superintendente do Habitação Popular, órgão da Secretaria da Habitação, a prefeitura segue um recadastramento que vem "de longa data", e cada morador passa por um critério de elegibilidade.
A prefeitura só remove favelas em áreas públicas e não tem projetos para as de áreas particulares. Camargo falou à reportagem na quarta, um dia antes da operação.
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Folha - A prioridade é remover as favelas do centro?
João Leopoldo Wernek Camargo - As favelas mais centrais passam por um processo de valorização, com muita oferta de emprego. Tentamos equacionar o projeto de remoção. São áreas densas, pois têm muitas facilidades. Cada família vive, em média, em 16 m2. Passarão para 50 m2.
Folha - Eles vão para apartamentos do Cingapura?
Camargo - A população do Glicério é a que mora debaixo do viaduto e não tem longa permanência no local. Não tem associação, que ajudaria a nós, da prefeitura. Uma associação de moradores faz o papel de tradutor. Nesse caso, eles não têm experiência de diálogo com o poder público.
Folha - Por isso eles serão removidos para outras favelas?
Camargo - Estamos preocupados em não romper os vínculos deles. Depois, avaliamos qual família pode ir para um apartamento.
Folha - Os moradores reclamam do pouco tempo dado a eles (três dias) para a remoção.
Camargo - Devido à precariedade e ao risco de incêndio, tivemos que agir rapidamente.

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