São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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Metalúrgico fica preso 1 ano por engano

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O metalúrgico Antônio Carlos França, 31, ficou preso um ano e dois meses por um crime que não cometeu. Ele era acusado de matar a tiros Renivaldo Francisco de Melo até anteontem, quando dois homens foram presos, confessaram e entregaram à polícia um dos revólveres usados no crime.
O crime aconteceu em 5 março de 1995, às 23h, na rua General Dalton Teixeira, no Itaim Paulista (zona leste de São Paulo).
França foi indiciado pela Divisão de Homicídios e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça em 16 de dezembro de 1995. "Quero esquecer o que aconteceu. Foi terrível", disse.
Desde então, ficou preso no 10º DP (Penha) e no 21º DP (Vila Matilde), ambos na zona leste. Em março, deveria ser julgado. Ontem, devia sair da prisão: a 4ª Vara do Júri determinara sua libertação.
A reviravolta no caso só foi possível por causa da insistência da mulher de França, Eliana Mata da Silva, 24, em provar a inocência do marido. "Eu sabia que ele era inocente. No dia do crime, ele estava comigo. Nunca perdi a esperança de vê-lo solto", afirmou Eliana.
Além de ter o mesmo apelido de um dos homens que teriam matado Melo (Tonho), o inocente também havia sido reconhecido por uma testemunha do crime.
"A mulher e ele sempre insistiam na inocência, como a maioria dos presos. Foi difícil acreditar no começo", disse o delegado José Carlos Alves Viegas, do 21º DP.
Na última semana, Eliana apresentou ao delegado uma nova testemunha do caso, que desmentiu o depoimento contra seu marido, a única prova contra França, que sempre negou o crime.
"Com a nova prova, resolvemos investigar", disse o delegado. Anteontem, foram presos Antônio Carlos Alves, 35, o "Tonho", e Judivan Zacarias dos Santos, 38, o "Paraíba". Com Santos, os policiais encontraram um revólver que teria sido usado no crime.
"Não sabíamos que um inocente estava preso, pagando pelo que a gente fez. Só soubemos disso quando chegamos à delegacia", disse Santos. Ele e Alves alegam que mataram em legítima defesa, pois a vítima teria tentado roubar Santos e agredi-los.
Os dois tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça. Alves foi preso em um bar e Santos, em casa. "Estou arrependido de não ter procurado a polícia e comunicado o crime", disse Alves.
Testemunha
A testemunha que havia reconhecido França na Divisão de Homicídios e na Justiça como autor do crime estava acompanhando a vítima no momento em que ela foi morta. "Iremos chamá-la para depor. Queremos saber por que ela incriminou um inocente", disse o delegado.

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