São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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Brasil impõe condições para criação da Alca

DENISE CHRISPIM MARIN
ENVIADA ESPECIAL AO RECIFE

O Brasil decidiu bater o pé em sua decisão de evitar que as negociações para a formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) avancem -pelo menos por enquanto.
A decisão colaborou para o entrave das negociações na 2ª Reunião de Vice-Ministros de Comércio do Hemisfério. O encontro deveria terminar ontem com as diferentes propostas de negociação da Alca harmonizadas.
As divergências persistiram, e a elaboração do documento comum deverá ficar para o próximo encontro preliminar, em abril. Deverá ser assinado durante a 3ª Reunião de Ministros de Comércio do Hemisfério, que acontecerá em maio, em Belo Horizonte (MG).
A posição do Brasil, de evitar as negociações, foi confirmada à Folha por negociadores brasileiros e observadores internacionais.
O Brasil acredita que seria mais benéfica a negociação dos acordos de livre comércio entre Mercosul e seus vizinhos. A formação de uma área de livre comércio com outros 33 países, sob a liderança dos EUA, deveria ser mais lenta.
Os negociadores também consideram que o aprofundamento do Mercosul -com a harmonização de legislações sobre serviços, investimentos e outros temas- deve anteceder a implantação da Alca.
As dificuldades apresentadas pelo Brasil nas negociações têm o objetivo de retardar um segundo choque de abertura comercial, para o qual os setores produtivos nacionais não estariam preparados.
Revisão de barreiras
O país também acredita que já avançou o suficiente na redução tarifária -sem ter obtido contrapartida dos EUA e demais mercados. Agora, está precisando de fôlego para modernizar a indústria.
Embora os demais países do Mercosul concordem que é preciso prudência na negociação da Alca, não apóiam algumas condições que o Brasil impõe para aceitar as discussões.
Uma delas é a revisão, por parte dos EUA, das barreiras tarifárias que afetam as exportações de produtos brasileiros.
Ontem, os EUA ainda tentaram impor sua proposta de negociar primeiro o acesso aos mercados (redução de tarifas) e a harmonização de regras sobre investimentos.
Durante as discussões, propuseram que os grupos de trabalho que estudam esses temas tenham poder para avançar mais nas negociações. A sugestão foi bombardeada pelos negociadores do Mercosul.

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