São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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Emprego cai mais na indústria paulista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os trabalhadores da indústria de transformação são, de longe, os que mais sofreram com a diminuição do emprego formal no país nos anos 90.
No ano passado, quase a metade dos postos de trabalho eliminados (150.251) foram na indústria.
A segunda observação a ser feita é que 102.729 postos de trabalho industriais eliminados estavam nas nove maiores regiões metropolitanas do país.
Para fechar ainda mais o funil, o problema está localizado mesmo é na região da Grande São Paulo. Ali, foram engolidos 66.749 empregos industriais formais no ano passado.
Esses 66.749 empregos industrias que sumiram na Grande São Paulo respondem por 21,89% de todos os postos de trabalho formais, de todos os setores da economia, que desapareceram no ano passado em todo o país.
A situação fica ainda mais assustadora quando se observa que a Grande São Paulo sofreu uma perda geral de mais de meio milhão de empregos formais nos anos 90: 684.557. No período pós-Real esse número foi de 142.368 empregos.
Flexibilização
Uma das saídas sempre repetidas pelos técnicos do Ministério do Trabalho é a flexibilização da legislação trabalhista.
Daniel Oliveira, secretário de Política de Emprego do Ministério do Trabalho, é cuidadoso ao abordar o tema: "É importante dizer que a legislação não é a única culpada de tudo que está acontecendo".
Para Oliveira, "em todo mercado de trabalho muito regulado, num mundo globalizado, de competição desenfreada, o ajuste infelizmente é sempre via desemprego".
O secretário aponta vários fenômenos que estão ocorrendo no mercado de trabalho formal, além da sua simples redução: empresas de tamanho menor, terceirização, migração do emprego para fora dos grandes centros.
Uma das principais iniciativas do Ministério do Trabalho para tentar aumentar a oferta de vagas formais está emperrada no Congresso. Trata-se do contrato de trabalho por tempo determinado, que permitirá a patrões pagarem menos encargos por trabalhador.
Aprovado na Câmara, o projeto de lei do contrato temporário está parado na Comissão de Assuntos Sociais do Senado.
É improvável que tramite com rapidez, pois deve ser do PT a presidência dessa comissão. E o PT tem várias críticas ao projeto.
Plano Collor foi pior
Apesar de todos os cortes de empregos formais registrados durante o Plano Real, o Plano Collor (de 15 de março de 1990) foi pior.
Em 90 e 91, o corte de empregos formais atingiu 1,5 milhão de empregos. Se for considerado também o ano de 92, quando ainda vigorava o Plano Collor, o corte total de empregos foi de 2,2 milhões.
A partir de 93, houve uma recuperação do emprego formal até o final de 94. Depois, começaram os cortes que continuam até hoje, principalmente na indústria.

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