São Paulo, sábado, 1 de março de 1997
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Sem-terra reclamam de violência contra acampados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA AGÊNCIA FOLHA

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) acusou ontem o ministro Nelson Jobim (Justiça) de estar "usando métodos da ditadura militar" para intimidar os sem-terra.
A declaração é de Gilberto Portes, membro da direção nacional do MST, após reunião ontem à tarde em Brasília com os coordenadores da Marcha Nacional pela Reforma Agrária, Emprego e Justiça.
"É um absurdo ordenar revistas em nossos acampamentos. Somos nós que levamos os tiros e terminamos sendo os primeiros a ser vistoriados. Quero ver quando é que o governo vai prender as armas dos latifundiários", afirmou.
A assessoria de Jobim afirmou que o governo não pode controlar a ação das polícias militares e civis, responsáveis pela busca nos acampamentos dos sem-terra.
A reunião de ontem serviu para avaliar o andamento da marcha. Os coordenadores das três "pernas" da marcha -que saíram de São Paulo, Rondonópolis (MT) e Minas Gerais- apontaram as doenças como a principal dificuldade enfrentada pelos sem-terra.
Gripe, diarréia e febre foram as doenças mais comuns. "Muita gente ficou gripada porque estava caminhando debaixo de sol forte e foi surpreendida pela chuva. Nos primeiros dias, o corpo sente mais o impacto, mas agora já estão todos mais acostumados", disse.
Ontem, em Teodoro Sampaio (SP), 116 pessoas, entre acampados e assentados, foram à delegacia prestar queixa, em boletins de ocorrência, contra a PM e o delegado de Sandovalina, Marco Antonio Scaliante Fogolin, por suposto abuso de autoridade.
Eles são acusados de entrar nos barracos de acampamentos sem mandado de busca. O coronel Souza Filho disse que dispunha de ordem judicial para a ação. Fogolin não quis se manifestar.

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