São Paulo, sábado, 1 de março de 1997
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Testemunha de Zélia cai em contradição

Engenheiro não esclarece notas fiscais

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma testemunha de defesa da ex-ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello -o engenheiro Júlio César Ferraz de Camargo- caiu em contradição ao depor ontem no Supremo Tribunal Federal.
O processo, em que Zélia é acusada de corrupção passiva, apura se um reajuste nas tarifas de transporte rodoviário interestadual tem relação com depósito feito em conta do esquema PC, um dia antes da assinatura da portaria. O aumento foi autorizado em 14 de setembro de 90, no governo Collor.
Segundo a Polícia Federal, um dia antes, a Associação de Empresas de Transporte Rodoviário Interestadual e Internacional havia depositado US$ 813 mil na conta da EPC, empresa de PC Farias.
Zélia também é acusada de usar recurso do esquema PC para despesas pessoais, como reforma de sua casa em São Paulo e viagens.
Ferraz de Camargo prestou depoimento na condição de perito contratado por Zélia para avaliar os custos da reforma em sua casa.
A testemunha disse que verificou superfaturamento na obra, comandada por João Carlos Camargo, ex-secretário de Zélia, mas se contradisse sobre a consulta às notas fiscais dos serviços antes da conclusão de seu trabalho.
O exame prévio desses documentos poderia indicar a intenção deliberada de identificar o superfaturamento. A confirmação do custo acima do preço de mercado poderia incriminar João Carlos, uma das testemunhas de acusação no processo contra Zélia.
As notas foram fornecidas pela defesa da ex-ministra. Ao depor, em 27 de junho de 1996, ela disse que as prestações de contas de seu ex-assessor eram apenas verbais.
Ferraz de Camargo inicialmente afirmou que só fez a consulta após concluir todo o levantamento de preços. Depois, ao ser indagado pelo próprio advogado de Zélia, ele mudou a versão três vezes.

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