São Paulo, sábado, 1 de março de 1997
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Fim do tempo técnico traz mais gols

VALMIR STORTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O fim do tempo técnico pode ter sido ruim para os treinadores "ajustadores" de time, mas foi um dos fatores que ajudaram a aumentar a média de gols por jogo.
Os 40 primeiros jogos do ano passado tiveram uma média de 3,05 gols por partida e, neste ano, a média já está em 3,35.
Nas cinco primeiras rodadas deste ano, já saíram 134 gols. Em 96, 122.
Parece insignificante, mas o aumento é de 9,8%.
No ano passado, os treinadores podiam paralisar o jogo por três minutos, a partir do 22º minuto do primeiro ou do segundo tempo.
Para este campeonato, a Federação Paulista ampliou a chance de o treinador pedir a parada técnica. A solicitação pôde ser feita até o 30º minuto de cada etapa.
Segundo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Fifa exigiu que o tempo técnico fosse extinto, já que alterava a regra do esporte.
O presidente da FPF, Eduardo José Farah, não gostou. Esbravejou, mas acatou a determinação.
Se o instante de cada gol for agrupado de cinco em cinco minutos (veja quadro abaixo), o segundo maior aumento deste ano em relação aos do ano passado ocorre, exatamente, no espaço que vai do 20º minuto ao 24º minuto do segundo tempo, exatamente quando os treinadores paravam o jogo, no ano passado, para dar instruções.
Nesse intervalo, em 96, foram marcados apenas 4 gols e, neste ano, a marca passou para 17 gols, um crescimento de 325%.
O maior aumento, no entanto, ocorreu dos 10 minutos aos 14 minutos do primeiro tempo: 600%. Passou de 2 para 14 gols.
Reconhecidamente, se a parada técnica permitia ao treinador reorganizar seu time, e aos jogadores descansarem e se reidratarem, o jogo também perdia ritmo, já que a musculatura dos atletas "esfriava".
Nos dez minutos seguintes (do 25º minuto ao 34º minuto do segundo tempo) também houve aumento no número de gols, mas em uma proporção bem menor.
No primeiro tempo, o aumento no intervalo do tempo técnico foi de 100%, passando de quatro para oito gols.
Alguns treinadores, como Candinho, da Lusa, ridicularizavam o tempo técnico.
"Tinha técnico que só pedia a parada em jogo de TV para aparecer. Ficava lá no meio deles, gesticulando", diz Candinho, apesar de reconhecer que alguns técnicos realmente conseguiam mudar a forma de seu time jogar.
Neste ano, Candinho utilizou a parada apenas no empate em 1 a 1 com o Botafogo, em Ribeirão Preto, na primeira rodada. O jogo não foi televisionado.

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