São Paulo, sábado, 1 de março de 1997![]() |
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Trama sombria enreda inglesas
RODOLFO LUCENA
Esses são os principais personagens que se enfrentam e se enredam no "Jogo de Sombras", livro da advogada criminalista inglesa Frances Fyfield, que a Companhia das Letras está lançando. Na trilha de outras damas da literatura policial, Fyfield usa a trama para discutir as relações humanas. Ela imerge nos medos, nas dúvidas, nos mal-feitos, nos não-ditos, nos arrependimentos que pontilham a vida de um casal. Saber como se sente a promotora Helen West em sua vidinha amorosa mal-resolvida parece ser mais importante do que a ação. Ou melhor: são os sentimentos e as relações entre os personagens que vão construindo a trama. Por isso, não espere ação, sexo, violência, perseguições, humor -elementos sempre presentes nos thrillers norte-americanos. Aqui, não há um evento brutal marcando o início do livro e prendendo a atenção do leitor para uma trama em que logo ficam claros o crime, o criminoso e seus perseguidores. O desenrolar é lento, chato até. Incomoda não descobrir logo o que vai ser o centro da história. Afinal, qual é o crime? Para descobrir, há que aguentar a lentidão, o ramerrão da vida profissional e afetiva dos personagens. É como se você fosse um voyeur espiando pela fechadura das páginas do livro o dia-a-dia de uma promotora, de sua auxiliar, de seu namorado-quase-marido-mas-nem-tanto, de um molestador de menores, de uma velhinha solitária. E dá até para acabar simpatizando com as heroínas. Uma simpatia contida, inglesa, nas sombras. Livro: Jogo de Sombras Autor: Frances Fyfield Quanto: R$ 18 (296 págs.) Texto Anterior: Não-iniciado pode se perder em "Taltos" Próximo Texto: García Márquez celebra vários aniversários Índice |
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