São Paulo, sábado, 1 de março de 1997
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Triângulo imperfeito

DA REDAÇÃO

A TVE não é um canal de TV paga, mas chega via sistemas de TV paga, e tem não raro uma programação de cinema interessante.
Por coincidência ou não, a TVE anda apresentando um miniciclo dedicado às relações amorosas ambíguas. No sábado passado passou "O Bígamo", interessantíssimo filme de Ida Lupino. Hoje, às 22h30, é a vez de "Uma Mulher para Dois", de François Truffaut, mais conhecido pelo título original, "Jules & Jim", que reabilitou a nouvelle vague, após uma fase de fracassos comerciais arrasadores.
Em "Jules & Jim", Catherine (Jeanne Moreau) entretém uma longa relação amorosa com dois homens ao mesmo tempo (Oskar Werner e Henri Serre), amicíssimos entre si.
Truffaut definiu o desafio do filme como sendo partir de uma situação "escabrosa" para chegar a "um filme de amor o mais puro possível".
Puro, com certeza, mas também turbulento. Sob a pureza dos sentimentos dos personagens e a delicadeza do toque de Truffaut, há alegria, sofrimento, paixão, ciúme, solidão, plenitude.
Vamos até esquecer que existe uma guerra no meio disso tudo (a Primeira Mundial), que um dos amantes é francês e o outro alemão. É um triângulo amoroso, como tantos.
O que o diferencia talvez seja a ênfase que Truffaut coloca em sua natureza trágica: um triângulo escaleno, em que todos os lados são desiguais entre si, embora indissociáveis um do outro.

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