São Paulo, sábado, 1 de março de 1997
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Itamaraty envia delegação a Timor

Grupo vai também à Indonésia

RUI NOGUEIRA
DA SUCURSAL DA BRASÍLIA

O Brasil vai ter, pela primeira vez, um contato direto com a resistência timorense, lá mesmo, em Timor. Do primeiro encontro deve sair um acordo para que o Brasil comece a prestar auxílio na área educacional aos timorenses.
O encontro está marcado para o próximo dia 5, em Dili, capital, e vai juntar o subsecretário-geral para Assuntos Políticos do Itamaraty, Ivan Cannabrava, e o bispo católico d. Carlos Ximenes Belo.
A reunião acontece exatos 108 dias depois do presidente Fernando Henrique Cardoso ter recebido, no Planalto, outro líder da resistência timorense, o advogado e diplomata José Ramos-Horta.
Belo e Horta dividiram o Nobel da Paz de 96. A premiação ressuscitou a causa de Timor, ex-colônia portuguesa invadida em 75 pela Indonésia e anexada no ano seguinte. Organismos de defesa dos direitos humanos calculam que entre 100 mil e 200 mil habitantes, de um total de 800 mil, tenham sido mortos pela tropa Indonésia.
A viagem da delegação foi anunciada ontem pela diretora do Departamento da Ásia e Oceania do Itamaraty, a ministra Vera Lúcia Machado. "É uma viagem inaugural e marca uma posição equilibrada e inovadora do Brasil", disse.
Antes de ir a Dili, Cannabrava estará em Jacarta, capital da Indonésia, com o chanceler indonésio, Ali Alatas, o núncio apostólico e a Comissão de Direitos Humanos.
Antes da concessão do Nobel da Paz e do encontro de FHC com Ramos-Horta, o Brasil tinha uma postura ambígua em relação a Timor. Apoiava as moções da ONU condenando a invasão e as constantes violações dos direitos humanos, mas tinha uma posição apagada, quase omissa, nos demais foros internacionais.
O auxílio na área de educação envolve a concessão de bolsas de estudos a alunos timorenses e o intercâmbio de professores. Se solicitado, o Brasil pode, em breve, passar a ter uma posição de maior destaque na busca por uma solução para a independência de Timor Leste.

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