São Paulo, sábado, 1 de março de 1997
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Não esperem definição do PT

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O imobilismo que toma conta do Partido dos Trabalhadores não agrada a seus principais dirigentes. Mas eles não sabem o que fazer e estão à procura de um caminho alternativo para se contraporem à hegemonia tucana.
O problema é a lentidão do processo, para usar uma das expressões prediletas de FHC, de busca de uma postura de oposição diferente da atual.
Em resumo, é isso que pensa o novo líder do PT na Câmara, o deputado José Machado (SP). Aos 51 anos, ele assumiu um dos postos de maior destaque do partido.
Ser líder do PT significa entrar na agenda de todos os órgãos da mídia. Bastará o governo FHC tomar alguma atitude polêmica para que repórteres de todos os jornais liguem perguntando a opinião de José Machado.
"Estamos com a musculatura um pouco flácida. O combustível do PT sempre foram os movimentos sociais. Agora, está faltando o chão para nós. Por isso estamos interessados em novas formas de oposição, mais propositivas. Haverá seminários durante o ano inteiro. Só que esse é um processo demorado", diz Machado, um economista formado pela USP e Unicamp.
O novo líder petista diz que o partido está pensando em trabalhar com objetivos máximos e mínimos.
O máximo, por exemplo, seria eleger o presidente da República em 98. Machado não admite, mas isso é algo que nem o mais otimista dos petistas considera exequível, a julgar pela conjuntura atual do país.
Um objetivo mínimo seria, entre outros, manter a bancada de 51 deputados na Câmara na eleição de 98. Em resumo, o mínimo vai ser conseguir preservar o PT do mesmo tamanho que a sigla tem hoje.
Já a oposição propositiva, como fala Machado, é algo embrionário para um futuro um pouco distante.
O líder petista é paciente. Acha que o tal processo um dia vinga. Um dia.
Fala Machado: "Precisamos ter humildade e esperar o momento chegar. Um dia a inflexão da curva política muda. Um dia, muda.".

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