São Paulo, segunda-feira, 3 de março de 1997
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No 1º descanso, sem-terra joga bola, corta cabelo e se prepara

Reunião de balanço decide expulsar quatro membros da marcha

PATRICIA ZORZAN
ENVIADA ESPECIAL A PORTO FERREIRA

Depois de 15 dias de caminhada e quase 250 km percorridos, os cerca de 600 sem-terra que participam da Marcha Nacional pela Reforma Agrária, Emprego e Justiça tiveram ontem seu primeiro dia de descanso.
Alojados no ginásio de esportes da cidade de Porto Ferreira (230 km ao norte de São Paulo), eles dedicaram as últimas 36 horas à diversão e aos preparativos para os próximos dias.
"Hoje é dia de festa e de estudo", disse Daniel Costa, um dos coordenadores da marcha. "O divertimento agora é muito importante porque entrosa os companheiros de vários Estados e anima as pessoas."
Segundo ele, não houve tempo para muito descanso no último domingo, já que o grupo participou de uma série de atividades "oficiais" durante o dia. A repercussão do conflito que deixou feridos no Pontal também afetou os âmimos.
Balanço
O estudo ficou por conta de reuniões realizadas entre os coordenadores da caminhada e os 17 representantes dos acampamentos e assentamentos que participam da viagem.
Foi feito um balanço do andamento da marcha até agora. "Há coisas que precisam ser melhoradas e uns probleminhas de disciplina que têm de ser resolvidos", disse Costa.
"Mas, no geral, estamos bem. Seguimos no ritmo certo, dentro do cronograma traçado."
Ontem também ficou decidido que quatro membros da marcha deixariam o grupo e voltariam para suas cidades de origem.
Costa afirmou que o motivo das expulsões -as primeiras desde o início da viagem- foi o desrespeito às normas do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
"Eles não cumpriam o horário de silêncio, atrapalhavam os companheiros e não participavam do trabalho", explicou.
Diversão
Encerradas as reuniões, os sem-terra puderam aproveitar o domingo de sol para se divertir e colocar a higiene pessoal em dia.
Enquanto muitos lavaram roupa, outros aproveitaram para cuidar um pouco do visual, cortando o cabelo.
"Vim aqui no sábado e eles gostaram do meu corte", disse o pedreiro Reinaldo Revelli, responsável por uma barbearia gratuita improvisada em frente ao ginásio.
Até o começo da tarde, 56 sem-terra já haviam passado pelas mãos de Revelli.
Ainda estavam programados para o dia um campeonato de futebol, uma apresentação de teatro e um forró. Hoje o grupo segue para Santa Rita do Passa Quatro.

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