São Paulo, segunda-feira, 3 de março de 1997 |
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Violência está fora de controle, diz OEA
ELVIRA LOBATO
Segundo ele, o número de assassinatos nos países latino-americanos -30,7 em cada 100 mil habitantes por ano- é seis vezes maior do que a média mundial. "Esse aumento não é uma tendência global, mas latino-americana", afirmou. Cesar Gavíria participou da abertura do "Seminário sobre Criminalidade Urbana", no Hotel Glória (zona sul do Rio), que será encerrado amanhã ao meio-dia. Participaram também da abertura, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique Iglesias, e o vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina, Shahid Javed Burki. O secretário-geral da OEA disse que, ao contrário do que se verifica nos Estados Unidos, onde está diretamente ligado à pobreza, o crescimento da violência na América Latina se deve a desigualdade social, urbanização desordenada, tolerância ao uso de álcool e porte de armas, corrupção, impunidade e injustiças cometidas na ação policial. Gavíria disse que as polícias dos países latino-americanos nasceram como apêndices das forças militares e que o controle do combate à violência deve ser civil e judicial. Marginalização Enrique Iglesias disse que o ritmo acelerado de urbanização, marginalização e desemprego gera "caldo" de cultivo da violência e a consequente perda de confiança nas instituições democráticas. O narcotráfico foi apontado como um fator adicional, mas não uma das causas principais da criminalidade. Iglesias disse que o BID está particularmente preocupado com a criminalidade na faixa de transição do jovem para o adulto e com os menores que vivem nas ruas. Cesar Gavíria disse que a dificuldade do combate à violência começa pela falta de estatísticas confiáveis, coletadas de forma sistemática. Segundo ele, os últimos dados sobre assassinatos abrangendo toda a América Latina são de 1992. O governador do Rio de Janeiro, Marcello Alencar, disse que a publicidade é um dos fatores do aumento da violência, "pois cria necessidade de bens de consumo inacessíveis para a maior parte da população". Propaganda Segundo o governador, existem 3 milhões de televisores nas favelas do Rio de Janeiro. "O jovem vê propaganda de um carro ao lado do qual está uma bela mulher quase nua e deduz que poderá conquistar a mulher se tiver o carro. Como não tem dinheiro, rouba o carro", disse Alencar. Texto Anterior: Leitora vê dificuldades para investimento Próximo Texto: Região perdeu US$ 200 bi Índice |
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