São Paulo, segunda-feira, 3 de março de 1997 |
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Mastroianni humaniza 'Páginas da Revolução'
MARIANE MORISAWA
Aqui, como quase sempre, o ator é o principal motivo para se ver o filme. Não que a história, baseada no livro "Afirma Pereira", de Antonio Tabucchi, seja desinteressante. Mas é impossível não imaginar o que seria do filme sem Mastroianni. Pereira é um "jornalista cultural" na Lisboa da década de 30. A Segunda Guerra ameaça estourar a qualquer momento, na vizinha Espanha a guerra civil é violenta, e em Portugal mesmo Salazar esmaga a oposição. O velho jornalista, porém, não se interessa por nada disso. Quer mesmo é escrever sobre escritores. Contrata então o jovem Monteiro Rossi (Stefano Dionisi, protagonista de "Farinelli"), para escrever necrológios. Segundo Pereira, obcecado pela morte, um jornal tem que estar preparado para os imprevistos. Rossi se revela um revolucionário, o que assusta Pereira. Mas ele não pode deixar de ajudá-lo, tomando-o quase como filho. E é o jovem carbonário que vai fazer o tolo Pereira, que já ia se acostumando à morte, a querer viver de novo, e a perceber que, apesar de velho, ele pode ajudar a mudar o que está errado. Faenza não consegue imprimir fluência à narrativa, prejudicando o resultado geral do filme. A história parece ficar sempre na superfície, apesar de lidar com a transformação de um homem. "Páginas da Revolução" só não se torna frio porque tem o carisma de Mastroianni para humanizar a produção. Filme: Páginas da Revolução Produção: Itália/França, 1995, 104 min. Direção: Roberto Faenza Com: Marcello Mastroianni, Stefano Dionisi, Daniel Auteuil Lançamento: Mundial (011/536-0677) Texto Anterior: A Incrível Jornada 2 - Perdidos em São Francisco Próximo Texto: 'Pop' chega às lojas hoje com disco de ouro Índice |
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