São Paulo, segunda-feira, 3 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O eterno Moisés

DA REDAÇÃO

Charlton Heston é o último ator demiurgo do cinema e, possivelmente, o mais marcante deles. Quem, senão ele ou Moisés, poderia abrir de forma convincente as águas do mar para que o povo judeu passasse, em "Os Dez Mandamentos"?
Desde então, sempre que Heston aparece em cena, esperamos dele a salvação do mundo. Não é por acaso que ganhou o papel central de "Ben-Hur" (TNT, 23h).
Ben-Hur é o judeu amigo de infância do romano Messala, que, em dado momento, decide se converter ao cristianismo. Sua provação será quase infinita.
Mas, quem melhor do que o Moisés de "Os Dez Mandamentos" para dar credibilidade a essa transição do judaísmo ao cristianismo?
Não importa em que papel, Charlton tem o dom de dar a impressão de que vai nos conduzir das trevas para a luz. Ele pode ser Michelangelo, ou um cientista no pós-guerra nuclear. Pode estar no meio de um terremoto, ou o que seja: ele sempre transmitirá a certeza do final feliz.
Quando quis mais intensamente livrar-se desse estigma e ser apenas um homem comum, a coisa falhou. Caso exemplar: "A Marca da Maldade", que Orson Welles só filmou porque Heston empenhou-se profundamente para isso acontecer.
O resultado foi magnífico, mas o filme fracassou. "Ben-Hur" pode ser menos do que "A Marca da Maldade", mas é um dos maiores sucessos de todos os tempos.

Texto Anterior: CLIPE
Próximo Texto: Brasileira é premiada por obra na Internet
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.