São Paulo, terça-feira, 4 de março de 1997
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Tentativa de fuga deixa 6 mortos em PE

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Seis pessoas morreram e nove ficaram feridas em Recife (PE) durante uma tentativa de fuga com reféns no presídio Aníbal Bruno, o maior do Estado.
O conflito começou às 14h30 de domingo e só terminou 14 horas depois com a invasão por policiais militares da tropa de choque.
Quatro das vítimas -três detentos e um refém- foram mortas durante a operação. Dois policiais morreram antes da invasão, com tiros disparados pelos presos.
A rebelião aconteceu no dia de visita no presídio. Quatro detentos dominaram o cabo da PM Gilmar Pereira da Silva, 35, roubaram o seu revólver e a sua pistola e o mataram com um tiro na cabeça.
Os presidiários tentaram fugir pelo portão principal, mas foram impedidos. Um policial militar e 25 homens, mulheres e crianças foram tomados como reféns.
A tropa de choque da PM isolou a área e iniciou o processo de retirada, pelo fundo do prédio, dos cerca de 2.500 visitantes que ainda estavam no presídio.
A negociação para libertação dos reféns só começou às 17h. Os presos exigiam cinco metralhadoras, munição e um Monza para a fuga. A PM negou os pedidos.
O impasse persistiu e, às 22h, houve nova tentativa de acordo, sem sucesso.
Na madrugada de ontem, houve mais três rodadas frustradas de negociação, uma envolvendo as mulheres de dois detentos, levadas ao presídio pela polícia para convencer os maridos a se entregar.
Granadas e tiros
Às 3h30, os rebelados mataram o cabo José Carneiro da Silva, 43, com um tiro no ouvido. Foi o estopim para a PM invadir o presídio.
A ação foi decidida numa reunião entre o comandante da PM, Antonio Menezes, o secretário de Justiça, Roberto Franca, o delegado de Polícia Civil Romero Leal e os promotores Gustavo Lima e Patrícia Fontes.
Em 20 minutos, atiradores de elite da Companhia de Operações Especiais posicionaram-se no teto da sala onde estavam os reféns. Logo depois, granadas de efeito moral foram lançadas para confundir e atordoar os presos.
Segundo a PM, os detentos José Amaro de Barros, 29, Alexandre Elias da Silva, 20, e Ricardo José França, 26, reagiram e foram mortos. O quarto preso, Hélio Bezerra de Vasconcelos, foi detido e autuado em flagrante pela Polícia Civil.
Oito visitantes ficaram feridos, dois deles atingidos por estilhaços de granadas. Nenhum corre risco de vida. Um preso que não participou da rebelião, Josenildo Alves dos Santos, foi ferido no ombro.
Para o secretário, não houve excesso da polícia. "Do ponto de vista operacional, a ação foi bem sucedida, apesar de lamentarmos as mortes", declarou.
O Comando Geral da PM abriu inquérito para apurar a tentativa de fuga. O oficial José Ramos de Lima Filho, designado para o caso, terá 40 dias para as investigações.

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